Morreu o primeiro diplomata português na República Popular da China
O diplomata João de Deus Ramos, antigo secretário-adjunto para os Assuntos de Transição no executivo de Macau, morreu esta segunda-feira e as cerimónias fúnebres realizam-se na quinta-feira, confirmou à Lusa fonte oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros português.
O antigo secretário-adjunto para os Assuntos de Transição do executivo de Macau, quando este foi liderado por Carlos Melancia, faleceu em Lisboa, tendo a notícia sido avançada pela Rádio Macau.
Segundo a mesma fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros, as cerimónias fúnebres realizam-se na Basílica da Estrela, em Lisboa, na próxima quinta-feira. O velório começa às 10:00 e a missa de corpo presente realiza-se às 14:00 na mesma igreja.
João de Deus Ramos foi também membro da delegação que negociou com a China a Declaração Conjunta e fez parte do Grupo de Ligação Conjunto. Em 1999, a administração de Macau foi transferida de Portugal para a China, sendo o governador português o general Rocha Vieira. O Presidente da República era Mário Soares e o primeiro-ministro António Guterres. Rocha Vieira sucedeu a Carlos Melancia, que se demitiu na sequência de suspeitas de corrupção (o caso do "fax de Macau").
O diplomata foi ainda responsável pela abertura da embaixada portuguesa em Pequim, em fevereiro de 1979, quando Portugal retomou as suas relações com a China. A República Popular da China nasceu em 1949 mas o Estado Novo nunca reconheceu o regime criado por Mao Tse Tung. Isso só aconteceria quase quatro anos depois do 25 de Abril de 1974.
Com licenciatura em Direito pela Universidade Clássica de Lisboa, João de Deus Ramos foi também embaixador no Paquistão e administrador da Fundação Oriente.