Fachada revela os primeiros inéditos após pausa sabática
Durante cinco anos, B Fachada manteve um ritmo de produção constante. Lançou 12 discos. Porque, como o próprio cantou na canção Zappa Português: "[Vou] fazer dois discos por ano a ver se me torno de vez no Frank Zappa português." A cada disco que foi lançando provou que é um compositor único de canções, herdeiro do melhor que a música portuguesa nos deu (de José Afonso a Sérgio Godinho, passando por António Variações) e mantendo uma personalidade musical vincada, destacando-se a forma como consegue falar e refletir sobre o país que nos rodeia sem pruridos ou estratégias panfletárias. No final de 2012 anunciou uma pausa sabática, que chega hoje ao fim.
Regressa agora assinando somente como Fachada, ainda que o próprio descarte a importância desta mudança. "Essa questão foi algo exagerada, mas eu devia saber que a malta gosta de esmiuçar os detalhes! As únicas pessoas que me tratam por "b" são os meus amigos da Cafetra [editora de música]. Eu simplesmente queria que no cartaz aparecesse só "fachada", em jeito de diminutivo. Fachada só há um, pá!"
Hoje e amanhã estará na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa. Como seria de esperar, a primeira data esgotou em poucos dias. Nestas duas noites vai apresentar as canções que tem vindo a trabalhar desde o início deste ano, já que 2013 foi ano de pausa sabática e tudo o que fez durante esses meses foi para o lixo, como contou ao DN. "Durante 2013 experimentei tudo outra vez: fiz canções à braguesa, ao piano e à guitarra. Foi tudo para o lixo. A partir de janeiro deste ano comecei a compor com um carácter mais definitivo, a partir de samples de discos portugueses (salvo o brasileiro ocasional): estão a ficar uma espécie de Criôlo [disco que lançou no verão de 2012] em esteróides, mas por enquanto as arestas ainda estão por limar..."
Daí que agora se apresente em salas mais pequenas, já que essa proximidade das pessoas permite--lhe expor o seu trabalho "sem defesas, para contrastar com a distância deste último ano e meio".