Exército já tem as primeiras viaturas blindadas de quatro rodas

Fabricante espanhol Urovesa está contratualmente obrigado a entregar, até ao fim deste ano, mais 40 das 139 viaturas novas VAMTAC para substituir os Humvee.
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O Exército recebeu há duas semanas as primeiras 10 viaturas blindadas novas de quatro rodas (4x4), num total de 139, que se destinam às unidades da Brigada de Reação Rápida (BRR) até ao final de 2020, soube o DN.

As VAMTAC ST5 da empresa espanhola Urovesa correspondem a um investimento de 60,8 milhões de euros - através da Lei de Programação Militar (LPM) e num concurso realizado por uma agência especializada da NATO - para substituir as já muito usadas Humvee, compradas em 2000 para a missão em Timor-Leste e na altura sem proteção blindada (colocada em 2005 para operarem no Afeganistão).

Estas viaturas 4x4, algumas das quais participam esta semana nas atividades comemorativas do Dia do Exército em Setúbal, chegaram no dia 10 deste mês à Unidade de Apoio Geral de Material do Exército (Benavente), precisou a porta-voz do ramo, major Elisabete Silva.

O fabricante tem de entregar mais 40 VAMTAC ao Exército até ao final de dezembro e as restantes 89 até ao final de 2020, num conjunto de oito versões: a base (107 viaturas), posto de comando (três ao nível de batalhão e quatro ao nível de companhia), operações especiais (12, das quais três equipadas como posto de comando) e ambulância (13).

Com esta última versão será a primeira vez que o Exército vai ter ambulâncias todas blindadas, explicou o major Ricardo Camilo ao DN.

O oficial adiantou já ter sido realizado um curso de formação de formadores - um oficial e oito sargentos, que estão agora a elaborar os referenciais dos próximos cursos - ministrado por técnicos espanhóis e que teve a duração de cinco dias.

Frequentaram ainda o curso três praças, que são quem agora conduz as VAMTAC ST5 (como nas demonstrações que estão a decorrer em Setúbal).

VAMTAC versus Humvee

Depois de substituir as viaturas de transporte de pessoal Chaimite pelas Pandur de oito rodas, o Exército está a dar novo passo em frente na modernização das suas forças e num momento em que se iniciam os processos de substituição dos camuflados de combate e da arma ligeira G3 pela SCAR (calibres 5.56 e 7.65).

Este programa da arma ligeira, decidido no início deste ano, inclui novas espingardas de assalto, metralhadoras e ainda lança-granadas de 40 mm.

No caso das viaturas blindadas 4x4, a primeira diferença entre a VAMTAC e a Humvee é de perceção imediata: a nova tem quase o dobro do tamanho e do peso da que ainda está em uso, por exemplo, na República Centro-Africana (RCA).

Essas diferenças explicam-se com o triplo da blindagem das VAMTAC face às Humvee, uma vez que o maior peso dessas placas de proteção em cerâmica e aço exigiram um chassis e suspensão reforçados e um motor mais potente, referiu o major Ricardo Camilo.

Comandos, paraquedistas e operações especiais de Lamego vão ser as unidades equipadas com as VAMTAC, com algumas das ambulâncias a irem para o Agrupamento Sanitário.

Ao contrário das Humvee, as VAMTACD ST5 têm suspensões independentes para cada roda e proteção específica contra minas e engenhos explosivos improvisados, razão pela qual os quatro bancos (há um quinto, amovível, para o atirador) não estão fixados a tubos metálicos verticais e a alguns centímetros de distância do chão das viaturas.

No caso do motor, ele "é muito idêntico" ao das viaturas Pandur 8x8 em termos de desenho, estrutura e peças sobressalentes que facilitam a cadeia logística e de manutenção das duas famílias de viaturas blindadas, observou Ricardo Camilo.

A par da maior capacidade de carga (superior a uma tonelada), as VAMTAC estão também equipadas com novos sistemas de comunicações (comando e controlo) que tornam os das Humvee praticamente obsoletos.

No exterior das VAMTAC estão outras duas novidades: painéis de identificação de combate, úteis em operações com tropas aliadas para evitar o chamado fogo amigo, e um sistema de lança-fumos no tejadilho para efeitos defensivos (mascarar-se perante o o fogo inimigo) ou ofensivos (cegar o inimigo).

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