Execuções e crucificação por crimes em idade menor

Ativistas pelos direitos humanos mobilizaram-se para tentar salvar a vida de sete jovens que serão executados esta terça-feira por um delito que terão cometido quando eram menores de idade.
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Entre março de 2005 e janeiro de 2006, os jovens terão cometido uma série de assaltos a joalharias na cidade de Abha. A sentença de morte foi pronunciada há três anos, mas as autoridades foram forçadas a esperar até que os condenados se tornassem maiores de idade para poderem proceder à aplicação da pena, que na Arábia Saudita se processa através da decapitação com espada. O líder do grupo será crucificado, um dos mais cruéis castigos físicos contemplado no sistema.

"Ficará exposto [na cruz] durante várias horas, como medida de humilhação", explica Mohammad al Qahtani, diretor da Associação pelos Direitos Civil e Políticos na Arábia Saudita. "Não é só a severidade do castigo, mas também o facto de nem sequer terem tido acesso a um advogado, nem um julgamento justo, para além de terem sido torturados de maneira a que confessassem o crime", acrescenta o ativista.

"Vivemos numa sociedade medieval, embora estejamos na aurora do terceiro milénio", lamenta al Qahtani, em conversa telefónica com o jornal espanhol El País. O ativista explica ainda que a crucificação "está reservada aos crimes mais odiosos e que despertam alarmes sociais". Sem saber valores, al Qahtani acrescenta ainda que este tipo de pena "não é frequente, mas acontece, apesar de às vezes o Governo, consciente da degradação do sistema judicial, arranje outras opções".

A problemática da condenação está a levantar uma vaga de contestação na Arábia Saudita e nos países vizinhos, crescendo ainda devido às irregularidades do processo. A Amnistia Internacional já expressou as suas preocupações e lançou um apelo urgente para tentar parar a execução.

Ali al Shehri, de 20 anos, Saeed al Shahrani, de 21, Sarhan al Mashayekh e Saeed al Omari, de 22, AbdulAziz al Amri, de 23 e Naser al Qahtani e Ali al Qahtani, de 24 serão executados amanhã, por crimes que (supostamente) terão cometido enquanto tinham entre 15 e 19 anos.

Para além da Arábia Saudita, só o Irão, o Iémen e o Sudão continuam a executar pessoas que praticaram delitos enquanto menores, o que é proibido pela Convenção Internacional dos Direitos das Crianças.

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