Ex-procuradora explica porque apresentou colega a burlão
A ex-magistrada do Ministério Público (MP) Sónia Moreira terminou na manhã desta quinta-feira o seu depoimento no julgamento em que é acusada, tal como a ex-colega do MP Sílvia Marques Bom, de ter passado dados confidenciais ao burlão e foragido da cadeia Lorosa de Matos, também arguido neste processo. Sónia garantiu ao coletivo que só soube que "Vasco", inspetor da Interpol com quem namorou, era Lorosa de Matos quando a PJ o deteve, em 2011.
Três anos antes desse desfecho, em 2008, quando já não tinha qualquer relação amorosa com "Vasco", Sónia decidiu apresentar o (falso) inspetor da Interpol à amiga procuradora Sílvia Bom, por achar que tinham muito em comum, como contou ao coletivo da 4.ª Vara Criminal de Lisboa. "A Sílvia sempre teve o desejo de ser mãe. O Vasco também queria assentar e eu pensei apresentá-los. Podiam ser felizes", explicou Sónia.
A advogada de Sílvia Bom lembrou à arguida que a sua cliente fez em 2006 uma pesquisa na base de dados do MP sobre Lorosa de Matos, o burlão foragido. Teria Sónia Moreira falado de "Vasco" com a amiga na altura? Sónia garantiu que não falou e não soube explicar a pesquisa da amiga. No final do seu testemunho chorou, quando o seu advogado de defesa, João Medeiros, sugeriu se o seu estado psicológico na altura, de depressão, não teria afetado o seu discernimento em relação a "Vasco". "Pode ser uma explicação. Ainda hoje não sei o que me passou pela cabeça!", concluiu Sónia Moreira.