"Foi uma ligação de cerca de 57 horas, quando antes do encerramento das ligações internacionais, a saber o SudExpress e o Lusitânia Comboio, teria sido possível em 22 horas", explicou o eurodeputado do PCP, que saiu de Lisboa no sábado por volta das 8:30 e chegou a Estrasburgo na segunda-feira cerca das 19:00, numa iniciativa que marca o final do ano europeu do transporte ferroviário..Os comboios Lusitânia e o Sud-Express, que ligavam respetivamente Lisboa a Madrid e Lisboa a Hendaye, em França, foram desativados em março de 2020, devido à pandemia, não existindo desde então rotas diretas que liguem Portugal às capitais europeias..Atualmente, Portugal só tem duas rotas internacionais, em automotora a diesel que não ultrapassa os 60 quilómetros por hora, uma que liga o Entroncamento a Badajoz e outra que faz o percurso Porto-Vigo..Para o eurodeputado do PCP, é necessária "a reposição das ligações internacionais", acelerando o processo de ligação de Évora a Caia, prevista para 2023, e a aposta numa "ligação mais rápida a Madrid", alertando que o contrato entre o Estado e a CP "não prevê a ligação internacional".."O que permite inferir duas coisas: primeiro, que esta ligação [internacional] não é uma prioridade para o Estado português e, segundo, que se facilita a entrada dos operadores europeus, através das suas marcas brancas que estão já a operar em alguns países desse mercado ferroviário", criticou..Em maio de 2021, à margem da cerimónia da reabertura da Linha da Beira Baixa, o Ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, disse que Portugal está disponível para retomar os serviços do Sud-Express, mas que é necessário o apoio da Renfe, a operadora pública dos transportes ferroviários espanhóis..Para o eurodeputado comunista, existe ainda um "evidente contraste entre o nível de investimento e a priorização da ferrovia de um lado e de outro da fronteira", alertando para "ligações precárias ou indiretas" em território português, onde "não existe ligação ferroviária a todas as capitais de distrito"..João Pimenta Lopes atribui a responsabilidade desta realidade "aos sucessivos pacotes da ferrovia da União Europeia, que têm promovido a liberalização do setor" e às "décadas de desinvestimento na ferrovia" por parte dos governos portugueses..Em Portugal "perdemos 1.200 quilómetros de linhas que foram desativadas, mais de 100 estações de comboios, 20 mil postos de trabalho e capacidade produtiva".