EUA retiram-se de tratado nuclear com a Rússia

Medida anunciada por Trump no ano passado torna-se efetiva esta sexta-feira.
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Os Estados Unidos retiram-se esta sexta-feira, formalmente, do tratado para a não proliferação de armas nucleares de alcance intermédio, assinado com a Rússia ainda durante a Guerra Fria.

Em causa está ao tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio (conhecido pela sigla em inglês, INF), assinado em 1987 por Ronald Reagan e Mikhaïl Gorbachev. O acordo aboliu o desenvolvimento e uso de mísseis de alcance entre os 500 e os 5500 quilómetros.

A retirada dos EUA deste acordo foi anunciada pelo presidente norte-americano num comício, em outubro do ano passado, e reiterada no início deste ano, com a justificação de que a Rússia não estava a respeitar os termos do tratado.

Em causa está a implantação, pelos russos, de um sistema de mísseis 9M729, que Washington diz ultrapassarem os 500 quilómetros, o que viola os termos do acordo de 1987. Alegações que foram acompanhadas pela NATO e desmentidas por Moscovo. Mas, em fevereiro deste ano, Vladimir Putin anunciou também a suspensão do tratado pela Rússia. "Vamos dar uma resposta simétrica [aos EUA]. Os nossos parceiros norte-americanos anunciaram que suspendem a sua participação no tratado. Pois nós também o faremos", disse então Putin.

Mikhail Gorbachev, que assinou o tratado em 1987 em nome da União Soviética, já veio dizer que esta decisão tornará a política internacional "imprevisível" e "caótica".

Também o secretário-geral da ONU, António Guterres, veio apelar a que os dois países retomem negociações em torno deste tratado, que qualificou como um "freio inestimável" a uma guerra nuclear.

Afirmando que os analistas temem uma nova corrida às armas por parte da Rússia. EUA e China, a BBC cita um analista militar russo, Pavel Felgenhauer, que afirma que agora que o tratado acabou, vamos ter o desenvolvimento e implantação de novas armas". "A Rússia está pronta", sublinha.

Há cerca de um mês, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, já tinha afirmado à BBC que os mísseis russos constituem uma "clara violação" do tratado, têm capacidade nuclear, são extremamente móveis, de difícil deteção e podem atingir a Europa em minutos. "Isto é sério", avisou então - "O tratado INF foi uma pedra angular, durante décadas, no controlo de armas. E agora vemos o fim do tratado".

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