Devin Nunes: Democratas usam Rússia como desculpa pela derrota eleitoral

Congressista lusodescendente decidiu abandonar liderança do comité da Câmara dos Representantes que investigava interferência russa nas presidenciais
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O congressista Devin Nunes, que abandonou a liderança da investigação da Câmara dos Representantes à interferência russa nas eleições dos EUA, disse que os democratas usam a investigação como desculpa para a sua derrota, em declarações reveladas hoje.

"Os Democratas não querem uma investigação sobre a Rússia. Querem uma comissão independente. Porque querem continuar a narrativa de que Vladimir Putin e Donald Trump [presidentes da Rússia e dos EUA, respetivamente] são melhores amigos e por isso ele [Tuump] ganhou. Porque a Hillary Clinton [candidata às presidenciais pelo Partido Democrata] não pode ter perdido por sua culpa, tem de ser culpa de outra pessoa", disse o republicano.

As declarações, hoje reveladas pelo "Los Angeles Times", foram feitas num jantar de angariação de fundos em Tulare, na Califórnia, a 7 de abril, um dia depois do luso-americano ter abandonado a investigação.

"Eles tentaram destruir esta investigação sobre a Rússia, nunca foram sérios sobre ela. Uma das coisas boas, agora que abandonei a investigação, é que posso dizer aquilo que quero", disse o congressista.

Devin Nunes foi muito criticado no final de março, por republicanos e democratas, depois de ter partilhado dados da investigação com Donald Trump e a Casa Branca antes de informar os seus colegas na comissão que investiga o caso.

Nunes está a ser investigado neste momento pelo Comité de Ética da Câmara dos Representantes, que tenta determinar se o responsável lidou de forma inadequada com informação secreta.

Na gravação do jantar, Nunes considera esta investigação um "assassínio de caráter" conduzido "por todos os grupos de esquerda da América" e diz que renunciou ao seu cargo para proteger os colegas que têm re-eleições mais difíceis, como David Valadão, também luso-americano, cujo distrito votou por uma grande margem em Hillary Clinton.

"Os jornalistas e os canais nacionais iam perseguir o David [Valadão] e todos os outros membros do Congresso nas próximas duas semanas. Basicamente, o que disse foi 'lixem-se'. Fiz algo que eles nunca esperavam que eu fizesse, retirei-me, e dei-lhes um presente", disse.

Durante o seu discurso, o representante explica ainda porque decidiu partilhar informação com a Casa Branca e o presidente Trump.

"Encontrei muita coisa bastante má sobre vigilância de americanos, algo essencial para o meu trabalho como presidente do Comité dos Serviços de Informação. Disse, bem, temos aqui um problema e sei que eles não o vão dizer ao presidente", explicou.

Devin Nunes, que não tem feito declarações sobre o caso desde que abandonou o cargo, diz que espera apenas o fim da investigação ética sobre os seus comportamentos para voltar à arena nacional.

"E sabem uma coisa? Assim que essas acusações de ética estiverem resolvidas, estarei de volta", disse o congressista.

Neste momento, existem quatro investigações à interferência russa nas eleições presidências de novembro e a possível coordenação com a campanha de Donald Trump.

Além dos comités criados para analisar o caso na Câmara dos Representantes e no Senado, o FBI continua a sua investigação e a Procuradoria Geral nomeou um investigador especial, Robert Mueller, para liderar o caso.

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