"Eu sou a favor da música e é isso que faz de mim ser artista e fadista"
Como foi a estreia no Festival?
Estou muito feliz. Acho que trazer aqui o nosso fado ao festival é inacreditável. Senti que as pessoas realmente aderiram. Conseguiram perceber que o fado pode estar em qualquer festival do mundo. O fado tem tantas emoções diferentes: a alegria, a tristeza e o amor. Conseguimos sentir tantas coisas num concerto de fado como o poder e a garra. Acabamos por falar de tudo um pouco em palco. Eu senti que as pessoas o sentiram e isso deixa-me mesmo muito feliz. Vou ter um concerto a seguir mas espero da próxima vez conseguir ficar para ouvir mais alguns artistas porque é um cartaz inacreditável e a favor da mulher.
Passou pelo Rock in Rio, Nos Alive e também Festival Músicas do Mundo. Que características tornam este festival de músicas do mundo para todos os que escolhem vir a Sines?
Eu passo aqui algumas das minhas férias e adoro a Costa Vicentina. É um dos sítios mais bonitos que temos em Portugal, quando soube que vinha cantar aqui foi inacreditável. É um festival muito emblemático e muito conhecido não só em Portugal como lá fora e para mim foi muito gratificante trazer o fado aqui. Acho que foi um concerto que deu para tudo. Senti que estava muita gente e toda gente muito feliz. Eu adoro esta cidade e tudo o que está à volta. O poder cantar aqui é um agradecer e retribuir tudo aquilo que me dão.
A Sara veio cantar do coração?
Essa é sempre a minha verdade. Tudo o que eu tenho é sempre tudo o que eu dou em palco. Às vezes até dizem : não precisas de ser tanto, mas é aquilo que eu sinto e aquilo que tenho para dar às pessoas. Acima de tudo é a verdade e aquilo que eu sou enquanto fadista. E ser uma pessoa normal sem grandes coisas é isso que eu sou.
2022 é o ano do reencontro com o público depois destes dois anos tão assustadores?
Aconteceu muita coisa. Em 2022 está a acontecer imensa coisa e ainda vão acontecer mais. Aquilo que eu quero e desejo para a minha equipa toda é continuarmos a cantar. Acabou a pandemia, por isso, vou continuar a cantar e a trabalhar pelo mundo inteiro a fazer aquilo que a gente mais gosta. Quem sabe o que é que vem aí. Para já, o que vem é um disco novo.
E pode adiantar alguma coisa sobre esse disco novo?
Acho que ainda vem mais daquilo que é a Sara. Acho que a pandemia mudou o mundo e as pessoas. Abriu outras vertentes. Acho que tivemos muito tempo para pensar. Este disco vai ter coisas mais da Sara. Coisas assim um bocadinho mais íntimas mas que eu quero partilhar com as pessoas.
E vai ter algum duetos?
Essa é a surpresa. Não posso contar porque depois não teria piada nenhuma, mas vai. Os duetos vão ser com pessoas que eu admiro, que me dizem muito desde que era pequena.
A propósito da polémica do cantor Pedro Abrunhosa, com quem a Sara tem uma música, há alguma esperança que "o amor nos salve nesta noite escura" que vive o mundo, como diz o título do vosso dueto?
Isso sem dúvida nenhuma. Para além de ter esta música com o Pedro, conheço o Pedro pessoalmente e sei o tipo de pessoa que ele é. É um homem da liberdade, uma pessoa que nos ensina muito e eu aprendi muito com ele. Naquela altura no estúdio, eu aprendi imenso com ele e sei que é uma pessoa com as ideias no sítio. Eu estou a favor disso tudo. Estou a favor disso tudo e acho que todos devíamos estar. É tão bom nós sermos livres, podermos cantar livremente, termos todas estas pessoas à nossa volta a apoiar-nos e não faz sentido o que se está a passar. Eu não costumo falar muito disto. Não quero muito abrir esta janela, mas estou muito a favor que a gente seja livre.
E em relação a toda a polémica da festa do Avante!, as palavras são as mesmas?
Quando vou a algum festival, eu vou para partilhar a minha música. Cada artista pensa como quer mas eu não vejo mal nenhum. Se me convidarem, eu também vou. Eu não posso olhar para aquilo que dizem. Eu não vou lá porque sou a favor disto ou daquilo. Eu sou a favor da música e é isso que faz de mim ser artista e ser fadista.
Algum ritual antes de entrar em palco?
Sim, tenho um. Fumo um cigarro, bebo água e depois benzo-me. Normalmente não se pode dizer, mas pronto.
mariana.goncalves@dn.pt