Estudo mostra que só duas doses da vacina protegem contra a variante Delta

A análise, feita por investigadores do Instituto Pasteur, de França, sugere ainda que uma única dose dessas vacinas não gera níveis suficientes de proteção contra a nova variante Delta
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Um estudo publicado esta semana na revista Nature indica que as duas doses das vacinas da Pfizer ou da AstraZeneca são eficazes contra a variante Delta, embora o nível de proteção seja ligeiramente inferior ao das outras mutações.

A análise, feita por investigadores do Instituto Pasteur, de França, sugere ainda que uma única dose dessas vacinas não gera níveis suficientes de proteção contra a nova variante Delta, que está se a tornar dominante em muitos países em todo o mundo, incluindo Portugal.

A variante Delta, detetada pela primeira vez na Índia em outubro do ano passado, já está presente em 98 países e acredita-se que seja 60% mais contagiosa do que a variante Alfa, detetada no Reino Unido.

O estudo, feito em laboratório, tem como base a medição da eficácia dos anticorpos contra o vírus. A equipa de investigadores analisou se os anticorpos de pessoas que tiveram covid-19 e se as que receberam uma ou duas doses da vacina são capazes de neutralizar a variante Delta. Também foi analisada a capacidade de neutralização do Bamlanivimab, um medicamento à base de anticorpos fabricado pela Eli Lilly, num estudo que envolveu 162 pacientes, 59 dos quais vacinados com uma dose ou já com a vacinação completa.

Os resultados sugerem que os anticorpos de pessoas que tiveram covid-19 não são muito eficazes contra a variante Delta, mas que essa eficácia aumenta se se tratarem de pessoas que sofreram a doença e já receberam uma dose da vacina, num cenário semelhante ao observado em pessoas que não tiveram covid-19 mas que já têm a vacinação completa.

Paralelamente, um estudo oficial no Reino Unido com mais de 14 mil infetados com a variante Delta mostrou que as vacinas da Pfizer/BioNTech e da AstraZeneca preveniram mais de 90% das hospitalizações. No entanto, uma única dose da vacina é 17% menos eficazes contra esta variante do que contra as restantes.

Apesar dos bons resultados, a Pfizer e a BioNTech anunciaram esta quinta-feira que já fabricaram uma nova versão da sua vacina, projetada especificamente para combater a variante Delta e cujos testes clínicos devem iniciar em agosto. Por outro lado, ambas as empresas estão a promover uma terceira dose, uma vez que têm dados que provam que os níveis de anticorpos contra a variante Delta aumentam entre cinco a dez vezes, ainda que essas conclusões não tenham sido publicadas em revistas científicas.

Os dados da Pfizer contrastam com os fornecidos pela Moderna, fabricante de outra vacina baseada em RNA mensageiro.

A variante Delta do vírus SARS-CoV-2, associada à Índia e considerada mais transmissível, é responsável por perto de 90% dos casos de infeção em Portugal e registou um forte incremento no Norte, na Madeira e nos Açores.

Os dados constam do relatório do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) sobre a diversidade genética do vírus que provoca a covid-19 divulgado esta terça-feira e que confirma que a Delta já era a variante prevalente em Portugal na semana de 21 a 27 de junho.

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