Estrada abateu. "Operações de busca e resgate podem levar semanas"
Um troço da estrada que liga Borba a Vila Viçosa, em Évora, abateu esta tarde, confirmou fonte do Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Évora ao DN. A mesma fonte disse ter-se tratado de um "abatimento de terras com arrastamento de trabalhadores para dentro de uma pedreira" e que haverá entre quatro a cinco vítimas "submersas", não sendo possível, nesta altura, dar informações sobre o estado das mesmas. Autoridades no local já informaram de duas vítimas mortais e cinco desaparecidos.
Segundo o comandante da Proteção Civil, José Artur Neves, as operações de busca e resgate são extremamente delicadas e morosas "podem levar semanas" a concluir.
Segundo testemunhas contaram às autoridades no local, caiu um carro ligeiro e uma máquina para o poço da pedreira, que é mesmo ao lado da estrada e que está cheio de água. O aluimento de terras terá arrastado "quatro ou cinco pessoas", estando submersas, segundo o CDOS de Évora.
As operações de resgate estão a revelar-se complicadas, dado o facto de a pedreira estar alagada, com lamas. Mais de duas horas após o incidente, ainda não tinham tido início. Ao que o DN apurou, está a ser equacionada a possibilidade de utilizar bombas de água para esvaziar a pedreira, de forma a poder chegar às viaturas submersas.
Cerca das 18:30, sabe o DN, um camião com um gerador de grande potência passou pela cidade de Borba a caminho do local.
O aluimento de terras para dentro de uma pedreira aconteceu esta tarde, volta das 16:00, na Estrada Nacional 255 entre Vila Viçosa e Borba. O trânsito está cortado logo à entrada de Borba. A estrada que abateu passa entre duas pedreiras, uma delas desativada, mesmo às portas de Borba, no lugar da Portela em Vila Viçosa.
Para o local foram acionados 28 operacionais das corporações da região, nomeadamente bombeiros de Estremoz, Borba, Vila Viçosa e Elvas, a GNR, VMER, com nove viaturas e um helicópteros do INEM. No local está também o presidente da Câmara Municipal de Borba, António Anselmo. Quanto ao edil de Vila Viçosa, Manuel Condenado, disse à RTP3 que tentou chegar junto ao local do aluimento mas sem sucesso: "Estava a tentar chegar ao local, mas o agente da GNR não me deixou aproximar-me. Já falei com o meu colega de Borba para tentar perceber o que tinha acontecido. As informações ainda são escassas. O meu colega referiu que houve uma derrocada numa parte de uma estrada junto a uma pedreira que está parada, está desativada."
Segundo o INEM, foram arrastados dois veículos e uma retroescavadora.
O resgate está a ser dificultada pelo anoitecer, tendo sido já montado um centro de operações no campo de futebol do Sport Clube Borbense.
Nas redes sociais surgem imagens do local:
De acordo com Vera Calado, uma habitante de Borba, que ia a passar no local e foi uma das pessoas que publicou fotos do local, "há mais de seis meses" que era conhecido o mau estado da via: "Esta situação não é de agora. Havia notícias de que a estrada ia ser encerrada por haver já indícios de que podia ruir a qualquer momento. Isso já se sabia há algum tempo, há mais de seis meses. Desde então que deixei de passar nessa estrada."
Em declarações à SIC Notícias, Vera descreveu o que viu acontecer. Ela seguia num carro com uma colega quando a estrada começou a cair. À frente dela seguia outro automóvel que lhes fizeram "sinais de luzes": "O senhor tinha-se apercebido que a estrada tinha caído e mandou parar tudo. Caíram alguns carros à nossa frente. Tentei ver o que tinha acontecido mas não me aproximei porque a estrada ainda estava a ruir."
O troço entre Borba e Vila Viçosa da Estrada Nacional 255 foi desclassificada em 2005, segundo disse ao DN fonte do ministério do Planeamento e Infraestruturas. Após a construção de uma variante na zona, esta parte da estrada, de pavimento em empedrado, foi passada para a tutela das duas câmaras municipais.
O aluimento ocorreu na zona que está sob administração da Câmara Municipal de Borba. Há quatro anos, a Rádio Campanário noticiava que a estrada 255 corria o risco de ser extinta, por motivos de segurança, "passando a ligação entre as duas localidades a ser feita de forma condicionada". E citava o presidente da Câmara Municipal de Borba, António Anselmo, a reconhecer que o problema se colocara já "há 4 ou 5 meses" e que a Direção Regional de Economia estaria na posse de vários estudos alertando para o risco.