Partilhou na sua página de Facebook fotografias de um homem a pegar fogo a dois exemplares de Alentejo Prometido, de Henrique Raposo. É o senhor quem está a pegar fogo aos livros?.Sim, sou eu..Porque decidiu incendiar os livros?.Todos nós temos direito à indignação. Achei que deveria tomar uma atitude..Porquê?.Depois de ler o livro e vendo os antecedentes do senhor, outros textos que já escreveu. Muitas das coisas que diz do Alentejo estão descontextualizadas. Não é nada do que é o Alentejo hoje em dia..É alentejano?.Sim, sou natural de Ferreira do Alentejo. A minha família está no Alentejo desde 1640..E não revê o seu Alentejo neste texto de Henrique Raposo?.Não. Neste texto ele está a referir-se ao Alentejo de há 300 anos. Aliás, a todo o país há 300, 200 ou mesmo 100 anos. Nós sabemos a afinidade política que o senhor tem e também sabemos que tudo o que é relacionado com o Alentejo é conotado com a esquerda. Ele não conhece o Alentejo. São babosices que esse senhor diz. E até ofende mais os algarvios..O que é que o chocou mais?.O que ele diz não me choca, mas está tudo descontextualizado da realidade atual. Algumas das coisas que ele escreve aconteceram mesmo, eram contadas aos serões à lareira. Mas há muitos anos. As mulheres são violadas e dizem "pronto, já está"? Isso acontecia em todo o país mas há muitos anos. Tentem lá que seja, hoje, violar uma alentejana... E a questão do suicídio? O índice de suicídio até é mais alto no Norte do país do que no Alentejo e está muito ligado à questão da falta de emprego. E essa questão está relacionada com o esquecimento a que o Alentejo tem sido votado, depois de ter sido autenticamente escravizado durante a ditadura. Como se isso não bastasse, vem um senhor destes dizer mal dos alentejanos. O que os alentejanos querem é emprego e progresso..Henrique Raposo não tem direito a exprimir a sua opinião?.Claro que tem direito à sua opinião, mas as pessoas também têm direito à sua indignação.