Estados do Golfo em silêncio após pedido de Rex Tillerson

Emirato acusado de financiar grupos terroristas contratou John Ashcroft para provar que são falsas as acusações de terrorismo.
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A diplomacia dos quatro Estados que cortaram relações com o Qatar permanecia ontem em silêncio, não emitindo qualquer comentário ao pedido feito na véspera pelo secretário de Estado Rex Tillerson, para terem em atenção as "consequências humanitárias" e as repercussões para a "atividade económica internacional e dos Estados Unidos na região".

Arábia Saudita, Bahrein, Egito e Emiratos Árabes Unidos não fizeram qualquer comentário às declarações do secretário de Estado americano, que pediu "a imediata tomada de medidas para reduzir a escalada de tensão", e não responderam a pedidos de resposta colocados pelas agências noticiosas.

As declarações de Tillerson foram proferidas pouco depois de o presidente Donald Trump ter escrito no Twitter, sobre o Qatar, que "é tempo de pararem de ensinar pessoas a matar outras pessoas" e que pedira ao emirato "para cessar o financiamento de ideologias extremistas".

O Qatar contratou, entretanto, o escritório de advogados de John Ashcroft, o procurador-geral dos EUA na época do 11 de setembro, para demonstrar que são infundadas as acusações de Donald Trump sobre o apoio do emirato ao terrorismo islamita. As autoridades de Doha vão pagar 2,5 milhões de dólares (2,2 milhões de euros) por um período de 90 dias para demonstrar que o emirato está ativamente empenhado na luta antiterrorista e, principalmente, cumpre todas as disposições aplicáveis ao setor financeiro, inclusive as estipuladas pelo Departamento do Tesouro americano, para o controlo de movimentos suspeitos. De acordo com uma nota da firma de Ashcroft, esta vai atuar para comprovar "os esforços no passado, no presente e no futuro para cumprir as regras internacionais no combate ao terrorismo".

A posição de Washington é particularmente delicada na presente crise, pois o Qatar é um aliado de relevo dos EUA na região, que possuem no emirato uma importante base, assim como dos países que cortaram relações com Doha, impondo ao mesmo tempo um bloqueio económico total.

O modo como evoluir a crise pode minar a influência dos EUA na região, com a Rússia e a Turquia a alinharem abertamente com o Qatar no plano diplomático e de apoio económico. O ministro dos Negócios Estrangeiros qatari, xeque Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, esteve ontem em Moscovo onde obteve o apoio do seu homólogo russo, Sergei Lavrov, para qualquer iniciativa que possa superar a crise. Por outro lado, bens russos estariam a ser levados para o Qatar, para ajudar a ultrapassar a escassez de produtos que deixaram de entrar provenientes da Arábia Saudita e do Bahrein, na sequência de idêntica iniciativa da Turquia.

As autoridades de Doha anunciaram ainda um aumento, a curto prazo, da importação direta de produtos de países asiáticos, europeus e de outras regiões.

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