Estado Islâmico volta a atacar cristãos egípcios
Milhares de cristãos acompanharam as cerimónias fúnebres de seis membros da mesma família que foram mortos quando regressavam de uma cerimónia de batismo realizado no mosteiro copta de São Samuel, na província de Minia, no Egito.
Na sexta-feira terroristas abriram fogo contra dois autocarros perto do mosteiro de São Samuel, o Confessor, a 260 quilómetros do Cairo, matando sete pessoas e ferindo outras 18, incluindo crianças. Sobreviveram sem ferimentos 24 pessoas.
O ataque foi reivindicado pelo Estado Islâmico que, junto com grupos afiliados, reclama vários atentados contra a minoria cristã do Egito, incluindo um que matou 28 pessoas quase no mesmo local em maio de 2017.
O presidente egípcio, Abdel Fattah el-Sisi, disse que as vítimas do atentado são mártires e reafirmou a "determinação em continuar a combater o terrorismo negro e em perseguir os autores" do crime.
Alguns dos cristãos não se calaram perante o facto de os cristãos continuarem a ser um alvo, apesar de o exército e a polícia egípcias terem iniciado uma ofensiva contra os grupos terroristas em fevereiro.
"Não vamos esquecer as promessas dos dirigentes, incluindo do Presidente da República, de punir os criminosos", afirmou após as orações o bispo de Minia, Makarios, na igreja Príncipe Tadros, da comunidade copta.
"Há uma mistura de tristeza e dor. Tristeza, porque estes acontecimentos dolorosos repetem-se; e dor, porque os coptas são parte desta pátria e parte da estrutura da sociedade", disse o bispo Makarios, em lágrimas.
A multidão que enchia o interior da igreja, entre gritos de dor e mágoa, soluços e orações juntos dos seis caixões brancos, recusou a oferta de condolências dos funcionários de segurança.
Na noite anterior, no hospital de Minia, Michel, de 23 anos, que perdeu um vizinho, pergunta à AFP: "Que querem os terroristas? Que odiemos os muçulmanos? Eu tenho de andar armado para ir rezar ou tenho de ficar em casa para evitar ser morto quando me desloco à igreja?"
Em 2017, três ataques reivindicados pelo Estado Islâmico causaram a morte a 82 pessoas. Já se referiu o ataque no mesmo local de sexta-feira, que fez 28 vítimas, muitas das quais crianças, em maio; no mês anterior, no domingo de Ramos, suicidas entraram em igrejas de Alexandria e Tanta, e mataram 45 pessoas; e em 29 de dezembro, um jihadista executou nove pessoas junto a uma igreja em Helwan, subúrbios do Cairo.
No ano anterior, também em dezembro, a igreja São pedro e São Paulo, no Cairo, foi palco de um atentado: 29 mortos.
Em 2013, com os Irmãos Muçulmanos no poder, a minoria cristã (cerca de 10% da população) foi alvo de ataques: dezenas de igrejas, mas também lojas e habitações foram invadidas, vandalizadas ou incendiadas.