Espanha com 11200 casos e 500 mortes. "Não temos testes para todos"
O lar de idosos Monte Hermoso, em Madrid tinha uma população de 200 pessoas de idade avançada. Em poucos dias, tudo mudou. Pelo menos 20 morreram devido ao coronavírus e há 70 casos confirmados de infeção entre os habitantes do lar. É um exemplo do como o covid-19 está a atingir Espanha. O país vizinho tem hoje 11 178 casos confirmados, com 491 mortes. Nesta altura, estão 563 pessoas em cuidados intensivos. "Dias duros" que vão ser a realidade nos próximos tempos, admitiu Pedro Sanchez numa comunicação feita ao país em que anunciou um pacote de 200 mil milhões de euros, o equivalente a 20% do PIB espanhol, para apoiar, famílias, trabalhadores, empresas e reforças a investigação científica. Os mercados reagiram bem a este anúncio.
O número de casos cresce de forma exponencial, com 150 mortes nas últimas 24 horas, e uma curva preocupante, semelhante ou superior à da Itália. As autoridades de Madrid apostam na contenção, com o país confinado. Sanchez deixou claro que travar o contágio é essencial no plano espanhol. "Estaremos perto da vitória quando os contágios caírem à velocidade que hoje sobem", disse na tarde desta terça-feira na comunicação ao país.
As unidades de saúde estão já no limite. O diretor do Centro de Coordenação de Alertas e Emergências Sanitárias do Ministério da Saúde espanhol admite que não é possível fazer testes a todos os casos suspeitos, uma situação que já acontece noutros países e que leva a serem testados apenas os casos de pessoas com sintomas acentuados. Os especialistas apontam que o número de contagiados será muito superior, com a amostra atual a ser uma pequena parte de que se pode tirar uma ideia para a realidade.
É um problema já que a Organização Mundial de Saúde apela a que se realizem testes massivos para se conhecer o real número de contagiados. Sabe-se que em Wuhan esse foi um dos principais fatores para a rápida propagação viral. A taxa de letalidade em Espanha supera os 4%, enquanto na Coreia do Sul está nos 1%. A realização de testes explica a diferença.
Pela positiva registaram-se 1023 altas hospitalares. São doentes em recuperação enviados para casa.
Pedro Sanchez falou aos espanhóis e assegurou que "ninguém será esquecido", ao apresentar um ambicioso pacote de 200 mil milhões de euros, em que 117 mil milhões são integralmente públicos e os restantes resultam da mobilização de recursos privados.
"Não vamos poupar nenhum esforço. Vamos proteger todos", assegurou o governante, dividindo as ajudas em quatro áreas: as famílias, os trabalhadores, as empresas e a investigação científica. As hipotecas terão uma moratória, não haverá cortes de luz, gás e água, as empresas vão receber dinheiro, os desempregados não ficarão sem ajuda, garantiu o líder do governo espanhol. O decreto que foi hoje aprovado tem 45 páginas, e inclui uma verba de 30 milhões para a investigação científica e médica. É importante o desenvolvimento de uma vacina e de fármacos.
Fernando Simón, diretor do Centro de Coordenação de Alertas e Emergências Sanitárias do Ministério da Saúde espanhol, disse que a Comunidade de Madrid continua a ser a região com mais casos de pessoas infetadas, com 4.165 casos, o que representa 43% do total nacional.
Até há pouco, a região de Madrid tinha mais de 50% dos casos diagnosticados, mas a percentagem tem diminuído à medida que outras regiões, como a Catalunha (1.394), estão a registar um aumento dos casos. Madrid e Catalunha são agora responsáveis por 56% de todos os casos detetados.
Na sociedade, é uma mudança enorme, Com o estado de alerta, é preciso ter uma justificação para andar na rua. Para ir trabalhar foram criados salvo-condutos para que as autoridades não apliquem multas. Há muita polícia nas ruas e mesmo unidades das Forças Armadas para garantir a ordem social e o cumprimento das medidas de confinamento.