Escritora Maria Teresa Horta recusa Prémio Oceanos
A escritora portuguesa Maria Teresa Horta recusa o 4º lugar no Prémio Oceanos, prémio de Literatura em Língua Portuguesa de 2017, organizado anualmente pelo Itaú Cultural no Brasil, cujos vencedores foram anunciados na passada quinta-feira.
Em carta enviada ontem ao júri do concurso, e que a escritora partilhou na sua página de Facebook, Maria Teresa Horta manifesta o seu repúdio da classificação - 4º lugar ex-aequo com o escritor Bernardo Carvalho - e respetivo prémio pecuniário: "Faço-o por respeito pela Literatura, por respeito pelas minhas leitoras e os meus leitores, e sobretudo pelo respeito que devo a mim própria e à minha já longa obra", escreve a autora premiada com a obra Anunciações.
E conclui: "Assim sendo, caros senhores, sois livres de dar a aplicação que vos aprouver aos 15 mil reais (4 mil euros) que me caberiam, não fosse esta inultrapassável questão que se me coloca e dá pelo nome de dignidade".
Perante esta posição da escritora Maria Teresa Horta, os curadores do Prémio Oceanos (a portuguesa Ana Sousa Dias e os brasileiros Manuel da Costa Pinto e Selma Caetano) emitiram hoje um comunicado no qual, antes de mais, explicam que a atribuição do quarto lugar ex-aequo a dois escritores aconteceu "devido a empates sucessivos durante o processo de votação" e que a decisão do júri "foi tomada de forma soberana, com base no regulamento do Oceanos, e plenamente endossada por esta curadoria".
Por fim, anunciam que, desta forma, o prémio será "integralmente destinado" ao escritor Bernardo Carvalho.
O primeiro lugar do Prémio Oceanos foi atribuído à também portuguesa Ana Teresa Pereira pelo romance Karen. Em segundo lugar ficou autor brasileiro Silvano Santiago, que concorreu com a obra Machado, seguido pelo poeta português Helder Moura Pereira, com o livro Golpe de Teatro. Para o quarto lugar e último lugar foram escolhidos dois autores, a poeta Maria Teresa Horta, com o livro Anunciações, e o romancista brasileiro Bernardo Carvalho, com a obra Simpatia pelo Demónio.
O júri desta edição do prémio Oceanos foi constituído por seis jurados brasileiros – as ensaístas Beatriz Resende e Mirna Queiroz, a tradutora e editora Heloisa Jahn e os escritores Maria Esther Maciel, Everardo Norões e Eucanaã Ferraz –, a escritora luso-moçambicana Ana Mafalda Leite e o crítico e ensaísta português António Guerreiro.