Erdogan inaugura mesquita na principal praça de Istambul
O presidente turco Recep Tayyip Erdogan inaugurou a primeira mesquita da emblemática praça Taksim de Istambul, onde há oito anos começou uma série de manifestações contra o seu governo.
Numa demonstração do entusiasmo despertado na população pela abertura da mesquita, que combina o estilo otomano com elementos contemporâneos, milhares de pessoas que não puderam entrar no templo rezaram a oração de sexta-feira, o dia santo para os muçulmanos, no meio da praça.
A mesquita poderá receber até quatro mil fiéis e, com ela, Erdogan deixa a sua marca na praça Taksim, o lugar mais famoso da capital económica turca, realizando assim um antigo sonho que tinha há 30 anos.
Quando foi presidente da Câmara de Istambul nos anos 1990, Erdogan afirmava lamentar que a praça Taksim não contasse com nenhuma mesquita, explicando que o único estabelecimento religioso visível era uma igreja ortodoxa não muito longe dali.
Apesar de a população turca ser quase totalmente muçulmana, a construção desta mesquita, que começou em 2017, gerou duras críticas e Erdogan foi acusado de querer "islamizar" o país e substituir o fundador da República laica, Mustafa Kemal Ataturk.
O imponente edifício religioso de facto estende a sua sombra sobre o "monumento da República", uma obra que representa personalidades da guerra da independência turca, como Ataturk, e que até o momento era a atração principal da praça Taksim.
Por outro lado, a abertura da mesquita soma-se aos gestos de Erdogan para agradar ao seu eleitorado, geralmente religioso e conservador, num contexto de crescentes dificuldades económicas.
Precisamente com esse objetivo, segundo os especialistas, o presidente turco decidiu no ano passado transformar em mesquita a basílica de Santa Sofia, um edifício construído pelos bizantinos no século V e que depois de ser igreja e mesquita era apenas monumento.