Enquanto dorme, o seu smartphone pode ajudar a encontrar a cura para o Alzheimer
Agora, o seu smartphone já não precisa de ficar parado enquanto carrega ou durante a noite: pode contribuir para encontrar curas e tratamentos para doenças desde o cancro da mama ao Alzheimer. A solução é da Universidade de Princeton, em colaboração com a Sony, que trazem o projeto Folding@home para os smartphones Android.
Compreender a forma como as proteínas se dobram é essencial para perceber o desenvolvimento de doenças como o Alzheimer, a fibrose cística, e mesmo vários cancros. Mas é um processo que ainda requer muito poder de computação: um computador sozinho demoraria cerca de 60 anos a simular a dobragem de apenas uma proteína, que acontece em curtas frações de segundo. No entanto, com 10 mil smartphones a trabalhar em conjunto oito horas por dia, o mesmo processo poderia ser simulado em três meses.
Foi o que pensou Vijay Pande, químico da Universidade de Stanford que começou o projeto Folding@home (Dobragem em casa) para recrutar computadores por todo o mundo para colaborar na compreensão da dobragem, ou enovelamento, das proteínas. Quando um computador com o software instalado não está a ser usado, junta-se em rede a milhares de outros para colaborar no projeto de simulação de dobragem. Em parceria com a Sony, em 2007 este projeto chegou mesmo à Playstation 3.
Agora, com os smartphones cada vez mais poderosos, o passo seguinte era claro para Pande: levar o Folding@home para os telemóveis. "Há imensas pessoas com telefones mesmo poderosos, e se os conseguirmos usar eficientemente abrimos lugar para algo incrível", disse Pande, em comunicado.
Para colaborar, basta instalar a aplicação Folding@home, que para já está apenas disponível para telefones Sony Xperia, mas que deverá chegar a todos os utilizadores de Android ainda no princípio deste ano. A aplicação faz com que o telefone trabalhe no projeto de simulação quando está inativo.
O primeiro projeto do Folding@home para telemóveis tem a ver com o cancro da mama, e procura-se simular a forma como diferentes estruturas protéicas reagem a diferentes medicamentos para combater o cancro, o poderá ajudar a encontrar tratamentos mais adequados e eficazes. Quando esse projeto estiver concluído, vai ser lançado um dedicado ao Alzheimer.
O enovelamento de proteínas e as doenças
As proteínas cumprem muitas funções diferentes no corpo humano: compõem os ossos e os vasos sanguíneos, ajudam o sistema imunitário a identificar ameaças, fazem mover os músculos, e interpretam sinais sensoriais. Mas, para desempenharem estes papéis, primeiro têm que se dobrar, para adquirirem a estrutura adequada à função que vão desempenhar.
Este processo de dobragem é muito rápido. Em pequenas frações de segundo, entre um milésimo e um milionésimo de segundo, a proteína adquire uma forma diferente. Quando este processo corre mal, crê-se que pode dar origem a doenças, desde Alzheimer à fibrose cística, do enfisema pulmonar ao cancro.
Perceber a dobragem não é fácil, porém, porque os computadores demoram muito tempo a simular o processo. É por isso que a computação distribuída é útil: juntando milhares de computadores, já foi possível simular a dobragem de várias proteínas nos últimos anos, mesmo daquelas que demoram mais tempo a dobrar-se, como a ACBP, que demora 10 milisegundos.