Encontrado corpo de criança desaparecida há 27 anos no Minnesota
A história tem quase três décadas: Jacob Wetterling, um menino de 11 anos, foi raptado em outubro de 1989, quando andava de bicicleta com o irmão e um amigo numa estrada rural próxima da casa onde vivia com os pais em St. Joseph, a cerca de 130 quilómetros de Minneapolis, no estado norte-americano do Minnesota.
O homem que o levou estaria mascarado, com a cara tapada. Limitou-se a agarrá-lo e disse às outras duas crianças que fugissem.
O desaparecimento do rapaz de 11 anos fez mudar radicalmente as mentalidades no Minnesota: na altura, os pais cautelosos proibiram os filhos de andar sozinhos e, todos os anos, pedia-se aos residentes que deixassem acesas as luzes no alpendre, para que Jacob pudesse regressar a casa em segurança. Patty Wetterling, a mãe de Jacob, tornou-se ativista pelos direitos das crianças e fundou, com o marido, o Jacob Wetterling Resource Center, que auxilia as comunidades na prevenção da exploração infantil. O caso espoletou mesmo mudanças na lei: em 1994, o Congresso dos EUA aprovou a lei Jacob Wetterling, que determina que os estados norte-americanos registem os agressores sexuais.
Apesar de o rapto de Jacob ter sido há 27 anos, a mãe por várias vezes disse que esperava encontrar o filho vivo. Mas, em comunicado divulgado no sábado, e citado pela AP, o gabinete do xerife do condado de Stearns confirmou que os restos mortais da criança tinham sido localizados e identificados através dos registos dentários.
Um agente, que falou sob anonimato, revelou ainda à agência de notícias que "uma pessoa de interesse" no rapto de Jacob tinha levado as autoridades até um campo no centro do Minnesota na semana passada. Aí, foi descoberto o corpo e outras provas importantes para o caso.
O mistério do desaparecimento de Jacob terá começado a ser desvendado no ano passado, quando a investigação levou a polícia até Danny Heinrich, que será alegadamente a pessoa de interesse no rapto. Heinrich, de 53 anos, negou qualquer envolvimento naquele caso e disse estar inocente de outras 25 acusações federais de pornografia infantil, pelas quais irá a tribunal no próximo mês de outubro. Mas, segundo o FBI, o indivíduo corresponde à descrição de um homem que terá abusado sexualmente de vários rapazes entre 1986 e 1988. E já no início de 2016, a polícia encontrou ADN de Heinrich na camisola de um rapaz de 12 anos que foi raptado meses antes de Jacob.
O suspeito foi interrogado logo após o desaparecimento de Jacob, mas sempre recusou estar envolvido. No entanto, as pegadas e as marcas de pneus que foram encontradas no local onde o rapaz passeava de bicicleta coincidem com os sapatos e pneus do carro de Heinrich, ainda que a correspondência não possa ser considerada inequívoca. A polícia também encontrou a casa onde o suspeito vivia com o pai na altura do rapto de Jacob, tendo descoberto roupas com padrão camuflado e uma fotografia de um rapaz em roupa interior.
A mãe de Jacob confirmou por SMS a um jornalista norte-americano que a policia lhe comunicara que o corpo do filho fora localizado, dizendo apenas estar "com o coração partido". Já na página do Jacob Wetterling Resouce Center, uma mensagem lamenta a certeza da morte do menino, sublinhando que ninguém esperava que a história de Jacob terminasse assim.