Um relatório da Polícia Federal brasileira indicou que a empresa de mineração Vale adulterou dados para perturbar as investigações sobre o desastre nas barragens em Mariana, divulgou hoje a imprensa brasileira..Segundo um relatório da Polícia Federal (PF), publicado pelo jornal Folha de S.Paulo, a Vale mudou relatórios para perturbar as investigações sobre o desastre nas barragens em Mariana, no Estado de Minas Gerais, que ruíram em novembro de 2015, deixando 19 mortos..O rompimento da barragem de Fundão provocou a saída dos detritos que passaram por cima da barragem de Santarém, que, entretanto, não se rompeu..O acidente causou um grave problema ambiental no rio Doce, tomado por uma grande quantidade de lama contaminada com substâncias tóxicas que escorreram das barragens da empresa Samarco ('join-venture' das mineradoras Vale e da anglo-australiana BHP Billiton)..Os danos no vale do rio Doce ultrapassaram o Estado de Minas Gerais, atingindo ainda o de Espírito Santo e chegando até ao oceano..A Vale gerava na região do desastre dois tipos de detritos: lama, que era destinada à estrutura da Samarco, e arenosos, que iam para o reservatório de Campo Grande..[artigo:4890473].No mês seguinte à rutura da barragem, a Vale modificou em documentos oficiais informações sobre o teor de concentração do minério que produzia em Mariana. Com isso, o volume de lama lançado em Fundão ficou abaixo do valor reportado inicialmente pela empresa..A elevada quantidade de água presente nos detritos depositados na estrutura é considerada pela polícia como uma das causas da rutura..A empresa alterou, segundo o relatório da PF, os últimos cinco Relatórios Anuais de Lavra (RALs) que havia enviado ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), órgão do Governo. Os dados sobre a quantidade de minério produzido anualmente, porém, foram mantidos..Num comunicado à imprensa, a Vale admite as alterações, mas diz que foram "correções" e que agiu com transparência nas investigações..O objetivo das mudanças, porém, era "iludir as autoridades de fiscalização", segundo o documento da polícia brasileira.."Tal fato (adulteração) tem ocorrido para que a Vale se exima de suas responsabilidades com relação aos rejeitos depositados pela mesma na referida barragem (Fundão)", diz a parte do relatório publicado pelo jornal..As investigações apontam ainda que a Vale alterou ainda dados da barragem de Campo Grande..[artigo:4946077].Por seu lado, a empresa rejeitou todas as acusações e, num comunicado, referiu que realizou auditoria nos dados informados anteriormente ao Governo para "corrigir o que cabia" e que todas as alterações foram avisadas à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal.."Em momento algum a Vale tentou atrapalhar ou confundir qualquer ato realizado pelo órgão fiscalizador; ao contrário, deu total transparência e conhecimento a quem de direito", disse a empresa, na nota.