Em Lisboa há negócios numa viagem de tuk tuk
A feira cresceu: serão 50 as galerias que participam no programa geral da ARCOlisboa, das quais 23 são portuguesas e 14 espanholas. Mais do que no ano passado, quando havia 47 galerias, entre as quais 17 portuguesas. Carlos Urroz, o espanhol que é diretor do evento, explica que a feira cresceu "aquilo que foi possível", dado o espaço disponível na Cordoaria Nacional, em Belém. "Ganhámos uns metros aqui e ali", mas não será possível fazer uma feira maior naquele espaço.
De qualquer forma, explica, na segunda edição da ARCOlisboa, que se realiza de 18 a 21 de maio, o objetivo era "não tanto crescer em quantidade mas em qualidade" e essa meta será cumprida: além do programa geral (que tem galerias de 13 países diferentes e onde se encontram as principais galerias portuguesas, como a 3+1 Arte Contemporânea, Cristina Guerra, Filomena Soares, Graça Brandão, Mário Sequeira, Miguel Nabinho, Múrias Centeno, Pedro Cera, Quadrado Azul, Vera Cortês e outras), onde se deu prioridade à "excelência", esta edição da ARCOlisboa tem como grande novidade o programa Opening, só com galerias jovens, com menos de sete anos de existência. Este programa, comissariado por João Laia apresenta oito galerias, quatro das quais são portuguesas: Francisco Fino, Hawaii-Lisboa, Madragoa e Pedro Alfacinha.
Além disso, Urroz sublinha a importância de todo o programa paralelo, sobretudo dedicado aos profissionais. "A ARCOlisboa é muito mais alargada do que a experiência do lugar onde se realiza a feira, é a experiência da cidade de Lisboa", diz. Os contactos entre artistas, galeristas, curadores e colecionadores acontecem não só nos eventos que se realizam nas galerias e nos museus de Lisboa como podem também acontecer "numa viagem de tuk tuk" a caminho de um brunch ou de uma inauguração. Lisboa tem a "oportunidade única de converter-se numa plataforma de difusão internacional de arte" e esta feira deverá ser uma "referência da arte contemporânea" na Europa, afirma Eduardo López-Puertas, o diretor da IFEMA, a entidade que organiza a ARCO em Madrid e em Lisboa. Durante esta semana, a capital portuguesa será uma plataforma onde se cruzam pessoas de vários cantos do mundo com um interesse comum: a arte, com destaque para a arte portuguesa mas também a arte africana que tem aqui um papel especial.
A ARCOlisboa representa um investimento por parte da IFEMA de um milhão de euros. Se a primeira edição, no ano passado, foi um êxito, a deste ano, dizem os organizadores, "será ainda maior". "No ano passado esperávamos cerca de 10 mil visitantes e tivemos 13 mil, o que foi muito bom", afirmou Carlos Urroz ontem, na apresentação do programa da ARCOlisboa, ao lado de Cristina Guerra, a galerista portuguesa que é membro do comité organizador da ARCOlisboa, e que também confirmou que em termos de vendas "a feira foi muito boa", apesar da crise e da "falta de apoio do Estado e das instituições": "Somos nós, as galerias e as instituições privadas, como a IFEMA, que estamos a puxar pela arte contemporânea", afirmou, deixando ainda um alerta: "Precisamos de pessoas melhores à frente dos museus".
"Cerca de 90% das galerias que participaram no ano passado quiseram voltar e isso é muito bom sinal", explica o diretor. A organização deixou de fora quase tantas galerias quantas aquelas que aceitou. "A exigência é cada vez maior", admite Cristina Guerra, mas isso significa que o resultado também é melhor, garante. Cada galeria pagou oito a 12 mil euros pela participação, dependendo do tamanho e do tipo de stand que apresenta.
Entre as atividades que se realizam à margem da feira, destaque para o Encontro de Museus da Europa e do Espaço Ibero-americano, promovido pela Capital Ibero-americana da Cultura 2017 e que trará a Portugal mais de 30 diretores e curadores de instituições ligadas à arte. Em Lisboa, por esses dias, será possível encontrar responsáveis do Reina Sofia (Madrid), do Jeu de Paume (Paris), do Hirshhorn (Washington) ou da Whitechapel (Londres), entre muitos outros.