Em Amatrice, escava-se com as mãos para encontrar sobreviventes
Em Amatrice e Accumoli, duas das povoações mais afetadas pelo sismo de 6,2 de magnitude na escala de Richter que ocorreu na madrugada desta quarta-feira no centro de Itália, as operações de resgate prosseguem, apesar das dificuldades: as equipas de socorro continuam sem conseguir circular livremente, devido aos desníveis nas estradas causados pelo sismo, e há várias pontes e viadutos em situação instável e demasiado inseguros para serem utilizados.
Os residentes escavam com as próprias mãos e sem outros instrumentos sempre que ouvem gritos debaixo dos escombros. Em Amatrice, segundo o Corriere della Sera, logo após o terramoto - que aconteceu pelas 03:36 da madrugada - muitos tentaram fugir dos pisos mais altos dos edifícios na zona afetada deslizando pelos lençóis que prenderam nas janelas. Foram momentos dramáticos que ainda não terminaram, mesmo numa fase em que já há técnicos com detetores a apurar se existem sinais de vida debaixo das centenas de casas que estão completamente destruídas. Uma menina de dois anos, que foi retirada viva dos escombros, acabou por morrer no hospital para onde tinha sido transferida, em Ascoli Pieno. Duas afegãs, de 26 e 27 anos, que estavam em Amatrice juntamente com um grupo de refugiados inserido num projeto de ajuda humanitária, estão desaparecidas.
O hospital foi praticamente destruído pelo sismo e foi preciso trazer para a rua os doentes que estavam internados. Os feridos menos graves do terramoto são assistidos na rua, no parque de estacionamento, enquanto os restantes estão a ser transferidos para outras unidades da região.
Também há histórias de sobrevivência: segundo o La Reppublica, uma idosa de 80 anos foi retirada viva dos escombros em Amatrice. A cada passo, onde antes eram apartamentos e moradias, há agora grupos de pessoas que reviram os escombros com as mãos e os braços sempre que ouvem chamar, constatam os fotógrafos no local. Uma mulher foi salva depois de estar sete horas debaixo das paredes destruídas do quarto em que dormia à hora do sismo.
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Já na localidade de Accumoli, "um drama", garante o autarca Stefano Petrucci. Durante horas, muitos tentaram chegar à família inteira que ficou debaixo dos escombros da casa em que vivia; mãe, pai e duas crianças - um bebé de oito meses e um menino de oito anos - foram encontrados já sem vida. Os pais, sob os destroços, estavam abraçados. Horas antes, os corpos de outras duas crianças já tinham sido recuperados numa zona próxima. Os bombeiros, denunciou Petrucci, chegaram já perto das oito da manhã para ajudar os residentes. Cerca de 2500 pessoas ficaram desalojadas na região.
Em Pescara del Tronto, zona próxima de Arquata del Tronto, há mais de uma dezena de mortos e, segundo a Proteção Civil, o número deverá subir: "as casas fecharam-se sobre si próprias, não é possível ver o que está debaixo. É impressionante. Nem em Aquila foi assim. Todas as casas de pedra colapsaram e as de cimento como que explodiram", admitiu o chefe da Proteção Civil de Valle del Velino, a primeira a intervir.