A Área Metropolitana de Lisboa (AML) lançou esta terça-feira (18 de fevereiro) um concurso público internacional no valor de 1,2 mil milhões de euros - o "maior concurso que o país já alguma vez lançou do ponto de vista de serviços rodoviários" -, para melhorar o serviço de transporte público rodoviário nos seus 18 municípios, onde vivem 2,7 milhões de pessoas..Segundo Fernando Medina, presidente do Conselho Metropolitano da AML, o mais tardar até meados do próximo ano a frota de autocarros, dividida em quatro lotes de concessão, vai funcionar segundo uma marca única: a Carris Metropolitana.."O que vamos ter é mais de 40% da oferta de autocarros do que havia hoje, numa rede única. O que é que significa isto? Significa que vamos ter novas linhas, novas ligações que não existiam até agora. Vamos ter nas ligações existentes mais oferta, isto é mais pontualidade, menos intervalo entre autocarros. E vamos ter também horários em que esses autocarros não existiam e que vão passar a existir em horários noturnos, em horários de fim de semana", disse.."Pela primeira vez é feita uma rede que é desenhada de raiz, em que se tem em conta as necessidades das pessoas e aquilo que são os trajetos que as pessoas necessitam fazer. Ora isto no conjunto dos 18 municípios da AML", acrescentou..Neste concurso há quatro zonas às quais as empresas podem concorrer: 1 - Carreiras municipais de Amadora, Oeiras e Sintra, e intermunicipais de ligação a Cascais, Lisboa e exterior AML, 133 linhas (35 destas serão novas); 2 - Carreiras municipais de Mafra, Loures, Odivelas e Vila Franca de Xira, e intermunicipais de ligação a Lisboa e exterior AML, 218 linhas (31 novas); 3 - Almada, Seixal e Sesimbra, e intermunicipais de ligação ao Barreiro e Lisboa e exterior AML, 116 linhas (43 novas) e o lote 4 - Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal, e intermunicipais de ligação ao Barreiro e Lisboa e exterior AML, 111 linhas (21 novas)..Este mega concurso internacional será um passo para que a AML comece a gerir todos os restantes transportes públicos na sua área, entre os quais a Soflusa, a Transtejo e o Metropolitano de Lisboa..Segundo o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, presente na cerimónia, "não faz qualquer sentido que ministro algum se ponha em bicos de pés a dizer que isto é meu", quando as autarquias, que estão mais próximas das pessoas, poderão realizar uma boa gestão. Foi por isso que a Carris foi entregue à Câmara de Lisboa, salientou.."É com expectativa que vemos a opção que vai ser desenhada pela Área Metropolitana de Lisboa para muito depressa criarmos condições para que a Transtejo e a Soflusa sejam geridas por esta Empresa Metropolitana de Lisboa ou pelas autarquias que, dentro dela, a quiserem gerir", sublinhou Matos Fernandes..O ministro assegurou que o Governo não se vai desresponsabilizar de nada, porque "o concurso está lançado, os barcos vão ser adquiridos, estarão aí no prazo certo", e está disponível para ajudar nos novos modelos de gestão que venham a ser concretizados.."Faz sentido ser o Estado central a gerir esta empresa? Não faz e o mesmo digo relativamente ao Metropolitano de Lisboa, reconhecendo que, aqui, há um esforço de investimento muito grande a ser feito", disse, considerando que o Governo está disponível para discutir a entrega deste meio de transporte, mas pretende "entregar o Metropolitano de Lisboa com uma rede muito mais robusta do que aquela que hoje já tem".."Parece-nos que, se calhar, é prematuro imaginar uma situação de transferência a um/dois anos", disse..Segundo o ministro, cabe agora à AML e às suas autarquias "definir quais são os grandes investimentos que virão aí", se "serão no Metro, no Metro Ligeiro ou em modelos de BRT" (autocarros rápidos).."Já agora, se existe no PNI [Programa Nacional de Investimentos 2030] uma repartição entre estes valores, não percam muito tempo com ela", disse, destacando que "há mil e 100 milhões de euros para investir no próximo ciclo" e "isso é que conta".."Ficamos mesmo à espera da vossa proposta. Queremos mesmo que essa proposta seja uma proposta articulada", sublinhou, salientando que o Governo estará "sempre disponível" para "participar na gestão dos novos modos de transporte que possam vir a ser concretizados".