A comissão eleitoral egípcia anunciou ontem a vitória de Mohamed Morsi nas presidenciais que se realizaram há duas semanas. O candidato islamita teve mais de 13 milhões de votos, 51,7% do total. O seu rival, Ahmed Chafiq, conseguiu 12,3 milhões de votos, o que corresponde a 48,3%. Morsi será o primeiro presidente escolhido em eleições livres no Egito e também o primeiro oriundo dos partidos islâmicos. Nas últimas horas, no Cairo, era visível um forte dispositivo de segurança, para evitar os protestos do lado vencido..O anúncio do vencedor das presidenciais é um momento crucial no movimento da primavera árabe e provocou uma explosão de alegria na Praça Tahir, no Cairo, onde se tinham reunidos os adeptos de Morsi. A manifestação dura há quatro dias e foi pacífica, com a multidão muito crítica do Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA) que detém o poder no país. Muitos temiam que as forças armadas forçassem a escolha de Chafiq, que chefiou o último governo de Hosni Mubarak. O conflito entre os militares e os Irmãos Muçulmanos, uma confraria islamita, dura desde os anos 50 e o futuro da democracia será em grande parte dependente desta relação conflituosa. .O regime de Hosni Mubarak, que se manteve durante 30 anos, caiu a 11 de Fevereiro do ano passado, mas o poder passou para o CSFA, chefiado pelo marechal Mohamed Tantawi. Na prática, os militares mantiveram o controlo da situação, mas os islamitas venceram de forma esmagadora as eleições para a Assembleia Constituinte, onde os partidos próximos dos Irmãos Muçulmanos ou dos salafistas controlavam uma maioria de dois terços..O Tribunal Constitucional, constituído por juízes afectos a Mubarak, dissolveu entretanto a assembleia, usando um pretexto técnico. A constituição será redigida por elementos escolhidos pelos militares. Os islamitas reivindicavam a vitória do seu candidato.