Eduardo Prado Coelho evocado hoje no CCB
"A voz e olhar singular de Eduardo Prado Coelho são uma ausência cada vez mais sentida no espaço cultural português", afirma o poeta Nuno Júdice, que se associa à homenagem que hoje o Centro Cultural de Belém, em Lisboa, faz do ensaísta e cronista, falecido em 2007.
O Dia Eduardo Prado Coelho decorrerá na Sala Almeida Garret, pelas 15.00 e tem como convidados Alexandra Prado Coelho, filha do escritor, os poetas Nuno Júdice e Fernando Pinto do Amaral, bem como António Mega Ferreira e Margarida Lages. A tarde far-se-á de leituras de excertos das obras de Prado Coelho e conversas em torno da sua vida e obra. Será ainda exibido o filme de Éric Romher O Joelho de Claire.
Tanto Nuno Júdice como António Mega Ferreira, presidente do CCB, concordam que a sua importância na cultura portuguesa continua a sentir-se e se manifesta na reedição das suas obras, como aquela que vai ser feita pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM). "A sua inteligência em movimento, o facto de ser um homem que fugia do óbvio fazem muita falta ao pensamento português", afirma Mega Ferreira.
"Procurarei evitar cair no entorpecimento: estou quase certo de o conseguir. E tenho tempo (espero vir a tê-lo) para me dedicar a coisas de maior vulto e alcance. Vamos ver como as coisas vão apresentar-se", escreveu, em 1968, Prado Coelho numa carta dirigida ao filósofo Eduardo Lourenço.
O percurso multifacetado da sua vida e obra mostra que conseguiu o seu intento. Foi ensaísta e crítico literário, docente universitário em Lisboa e em Paris (Universidade de Sorbonne). Entre 1989 e 1998 desempenhou o cargo de conselheiro cultural da Embaixada de Portugal em Paris, onde dirigiu também o Instituto Camões (em 1997).
Prado Coelho, "sendo por vezes polémico e com uma curiosidade infinita, foi um homem sempre atento às vanguardas, mas porque era um grande comunicador sempre as soube traduzir para o grande público e inscrever no universo cultural português", salienta o poeta Nuno Júdice.