Eduardo. O rijo transmontano que conquistou o país em 2010
É um rijo transmontano, quase intransponível entre os postes, quase imbatível pelas agruras da vida fora deles. Para Eduardo, nada foi fácil. Mas desde 2010 que o guarda-redes se tornou um nome incontornável na seleção nacional.
O guardião, de 33 anos, natural de Mirandela, tardou em afirmar-se no futebol português: só aos 24 anos se estreou na I Liga, após largas épocas entre a equipa secundária e os bancos de suplentes do Sporting de Braga. No entanto, mal se estreou pegou de estaca, mostrando a frieza que marcaria a sua ascensão.
[citacao:O talento não basta. Eu não sou um talentoso, não nasci com carradas de talento, mas sou um trabalhador. E trabalho sempre nos limites. Percebi cedo que se queria chegar até aqui não teria outro remédio. Sofre-se, mas também há muito prazer em ir conseguindo melhorar e crescer por força do trabalho.]
Eduardo convenceu no palco de estreia, o Beira-Mar. Brilhou no Vitória de Setúbal (ajudando a equipa sadina a ganhar a primeira edição da Taça da Liga, decidida com as suas defesas no desempate através da marcação das grandes penalidades). E ganhou o direito a regressar a Braga, a sua casa desde a adolescência. Foi a rampa final para chegar à seleção nacional.
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[citacao:Quando vi o meu nome no lote dos selecionados, só tive um pensamento: 'vou agarrar isto com unhas e dentes.]
Nos primeiros jogos pela "equipa das quinas", apadrinhados pelo então selecionador Carlos Queiroz, o nome do guardião foi sendo questionado. No entanto, as exibições no Mundial 2010 (em quatro encontros só sofreu um golo, o de David Villa, que valeu a eliminação nos oitavos-de-final) e a abnegação demonstrada (da garra a cantar o hino às lágrimas após a eliminação) convenceram os críticos.
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Afinal, o transmontano já estava habituado a superar dificuldades - do trauma da morte precoce do pai, vítima de um acidente de viação quando Eduardo era criança, às saudades da mãe e irmãos, que acabariam por emigrar para o Luxemburgo, enquanto o guarda-redes se mudou para o Minho aos primeiros da adolescência (para jogar nas academia do Vitória de Guimarães e, depois, do Sporting de Braga).
[citacao:Precisamos de evoluir muito no trabalho com os guarda-redes em Portugal. A nível não só de treino, mas de prospeção e, quem sabe, criar até departamentos de acompanhamento específicos. Sabemos que a posição de guarda-redes é a mais difícil quando se erra e, por vezes, criam-se ilusões grandes nos miúdos... que acabam por abandonar facilmente. Temos de dar mais condições a estes jovens.]
Foi só após o brilharete do Mundial 2010 que Eduardo também seguiu os caminhos da emigração: teve passagens nem-sempre-bem-sucedidas por Itália (Génova) e Turquia (Istambul BB), entrecortadas por regressos a casa (Benfica e Braga). Desde 2014 voltou a brilhar e colecionar títulos no Dínamo Zagreb. Em Portugal, ficou a sua namorada desde a adolescência, outra estrela do desporto nacional: a maratonista Jéssica Augusto. Ambos são pais de uma menina, Leonor, nascida em junho de 2015.
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BI
Eduardo dos Reis Carvalho
Data de nascimento: 19/09/1982 (33 anos)
Naturalidade: Mirandela
Altura: 1,88 m
Peso: 84 kg
Clube atual: Dínamo Zagreb (Croácia)
Clubes de formação: Mirandela, V. Guimarães e Sp. Braga
Trajeto: Sp. Braga, Beira-Mar, V. Setúbal, Génova, Benfica, Istambul BB, Dínamo Zagreb
Títulos: Taças da Liga (2007/08 e 2011/12), Taça Intertoto (2008), Liga da Croácia (2014/15 e 2015/16), Taça da Croácia
CARREIRA NA SELEÇÃO
Estreia: 11/02/2009, Portugal-Finlândia (1-0)
Internacionalizações: 35
Golos sofridos: 21
FASE DE QUALIFICAÇÃO
Jogos: 0
Minutos: 0
Golos sofridos: 0
NÚMEROS
8 - equipas representadas como sénior
7 - troféus conquistados ao longo da carreira
3 - presenças em fases finais (Mundial 2010, Euro 2012 e Mundial 2014)
4,5 Meuro - valor da transferência do Sp. Braga para o Génova
24 anos - idade com que se estreou na I Liga, ao serviço do Beira-Mar