Das informações disponíveis, nomeadamente quanto aos cabeças de lista, tudo apontava para um grau de renovação relativamente curto..Nos 22 círculos - 18 no continente, dois nas ilhas e dois na emigração -, apenas sete terão cabeças de lista novos, quando se fazendo a comparação com as candidaturas apresentadas pelo PS em 2019: José Luís Carneiro (Braga), Sobrinho Teixeira (Bragança), Ana Abrunhosa (Castelo Branco), Lacerda Sales (Leiria), Ricardo Pinheiro (Portalegre), Francisco Rocha (Vila Real) e Francisco César (Açores)..Consulte aqui a lista completa.Nos restantes círculos, tudo na mesma. Mas as mudanças agora introduzidas indiciam um reforço do peso do Governo nas listas de candidatos a deputados. Em Castelo Branco, Hortense Martins, deputada, dará lugar a Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial. E em Leiria, Raul de Castro será substituído pelo secretário de Estado adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales..Assim, no cômputo geral dos 22 cabeças de lista do PS, nove integram o atual governo: além da já referida Ana Abrunhosa, Pedro Nuno Santos (inamovível em Aveiro), Marta Temido (de novo em Coimbra), Ana Mendes Godinho (de novo na Guarda), o próprio primeiro-ministro António Costa (como sempre em Lisboa), Alexandra Leitão (também reconduzida em Santarém), Tiago Brandão Rodrigues (o mesmo em Viana do Castelo) e por último Augusto Santos Silva (mais uma vez nº 1 pela lista do círculo de Fora da Europa). Vários outros governantes irão integrar o miolo das listas, como o ministro do Ambiente José Pedro Matos Fernandes, que irá pelo Porto, sua cidade natal..Com Ferro Rodrigues já de fora por decisão própria, e não sendo Carlos César de novo candidato (já não o tinha sido em 2019), no PS especula-se agora quem será o candidato do partido a presidente da Assembleia da República na próxima legislatura (caso, é claro, se concretize uma maioria nas legislativas que permita essa eleição, sendo que em 2015 e 2019 essa maioria foi a formada pela "geringonça")..Internamente, todos os olhos se viram para Edite Estrela, que será nº dois, logo a seguir a António Costa, na lista pelo círculo de Lisboa. Currículo parlamentar não lhe falta - foi eleita deputada pela primeira em 1987 e desde então reeleita cinco vezes (em 1991, 1999, 2002, 2015 e 2019). Serviu ainda o PS como presidente da câmara de Sintra e vários mandatos como eurodeputada - o que lhe dá um perfil eminentemente parlamentar..O outro nome falado é o de Capoulas Santos, mais uma vez cabeça de lista em Évora. Capoulas tem no entanto menos experiência parlamentar porque o essencial da sua experiência política se fez no Governo, como titular da pasta da Agricultura (secretário de Estado e depois ministro, ao todo sete anos). Como Edite Estrela, também foi eurodeputado (dez anos, de 2004 a 2014)..Anteontem, o secretário-geral do PS classificou as próximas eleições legislativas - já convocadas pelo Presidente da República para 30 de janeiro - como "as mais importantes que o país teve nos últimos anos". Falando no encerramento do Fórum Nacional Confie no Futuro, promovido pelo PS na Alfândega do Porto, António Costa vincou a necessidade de ser encontrada a estabilidade para aplicar os apoios que chegam da UE.."Estas são mesmo as eleições mais importantes que o país teve nos últimos anos, uma oportunidade única e extraordinária para não perdermos as oportunidades que temos ao alcance da nossa mão e para não deixarmos nem o país adiar, nem o país parar", alertou o líder socialista..Citaçãocitacao"Não podemos olhar para os próximos meses como sendo mais um período, ou para as próximas eleições como se fossem mais umas eleições.".Citando a intervenção anterior da professora catedrática e vice-reitora da Universidade Nova de Lisboa, Elvira Fortunato, António Costa concordou que as próximas gerações "nunca perdoarão se for desperdiçada esta oportunidade". "E desperdiçar ou não esta oportunidade está unicamente nas nossas mãos. Por isso, não podemos olhar para os próximos meses como sendo mais um período, ou para as próximas eleições como se fossem mais umas eleições", prosseguiu o líder socialista, dizendo ainda que o país não admite "soluções de remendo", nem "soluções provisórias de governo para dois anos"..joao.p.henriques@dn.pt