Ecologistas aplaudem fim da extração de petróleo no Ártico
As questões ambientais até podem oficialmente ter passado ao lado da decisão da Shell, que ontem anunciou ter desistido da prospeção de petróleo no Alasca, mas foi só aparência, na opinião da Quercus, que se "congratula" com a notícia. Isto porque, para os ambientalistas, nas "entrelinhas" do fim da exploração, justificada pela petrolífera com a acumulação de prejuízos no Ártico - cujo encerramento traduz ainda uma subtração de 3,7 mil milhões de euros aos cofres da empresa - estão também os elevados valores das indemnizações pedidos pelos tribunais americanos quando há algum derrame. E acrescentam que chegou a hora de a Europa seguir esses passos.
"O petróleo está abaixo dos 50 dólares por barril e não compensa o risco da extração em profundidade, podendo provocar um derrame no mar de Chukchi. Com o petróleo em alta, provavelmente, seriam feitas outras contas", admite ao DN o presidente da Quercus, João Branco, recordando a mão pesada da justiça americana, que recentemente condenou a companhia petrolífera BP a pagar 16,8 mil milhões de euros pelo derrame de petróleo no golfo do México em 2010.
Uma compensação canalizada para várias entidades públicas americanas pelos danos ambientais causados, que será a maior indemnização imposta a uma só empresa na história dos EUA. "Este exemplo foi suficientemente dissuasor", acrescenta o dirigente da Quercus, garantindo que a decisão da Shell deve ser "aplaudida", mesmo que não tenha por detrás quaisquer fins ambientais.
O gigante das energias fósseis concluiu que a quantidade de crude acumulada não era suficiente para justificar um aumento do investimento no furo da bacia de Burger J, depois da prospeção de petróleo no Ártico ter sido pautada por uma onda de contestação desde a primeira hora. Somaram-se ações de protesto por parte das organizações ecologistas, e agora o grupo anglo-holandês veio alegar falta de viabilidade financeira das explorações, segundo o Wall Street Journal, avançando que a petrolífera decidiu suspender todas as atividades no estado norte-americano, onde é dona de centenas de explorações, que estão avaliadas em cerca de 2,7 mil milhões de euros.