É a quarta mudança no Governo em 21 meses
O advogado e antigo deputado do PSD, António Almeida Henriques, que há dois meses prometia o "regresso às empresas", em caso de abandono do Governo, vai deixar o Executivo, liderado por Passos Coelho, com 37 secretários de Estado, face aos iniciais 36, em virtude de uma remodelação anterior, já que não será substituído.
Para além do primeiro-ministro, o elenco governativo que tomou posse em 21 de junho de 2011 conta com 11 ministros, perfazendo agora um total de 48 elementos.
Sem ter mudado qualquer titular de pasta ministerial, Passos Coelho tem "resistido" mais tempo do que os seus antecessores, José Sócrates e Pedro Santana Lopes, a mudanças mais profundas.
A primeira "baixa" no Executivo registou-se a 12 de março de 2012, quando o ex-secretário de Estado da Energia, Henrique Gomes, apresentou a demissão alegando motivos de "índole pessoal e familiar", uma saída que a oposição viu como uma "cedência" do Governo aos "interesses instalados" do setor energético.
A segunda alteração no elenco governamental aconteceu a 25 de outubro e atingiu três secretarias de Estado: Francisco José Viegas saiu da Cultura por razões de saúde, sendo substituído por Jorge Barreto Xavier, e Isabel Silva Leite deixou, a seu pedido e por motivos pessoais, o Ensino Básico e Secundário, pasta que passaria para Henrique Dias Grancho.
O primeiro-ministro optou nessa altura por separar as pastas das Finanças e do Tesouro, criando uma nova Secretaria de Estado das Finanças, ocupada pelo vice-presidente do PSD, Manuel Luís Rodrigues, e mantendo Maria Luís Albuquerque como secretária de Estado do Tesouro.
Já em 25 de janeiro, Paulo Júlio apresentou a demissão do cargo de secretário de Estado da Administração Local e da Reforma Administrativa, após ter sido notificado pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Coimbra de um despacho de acusação pela alegada prática, em 2008, de um crime de "prevaricação de titular de cargo político", enquanto autarca em Penela.
A ocasião foi aproveitada por Passos Coelho para proceder a outras "mexidas" e, no dia 01 de fevereiro, o presidente da República, Cavaco Silva, deu posse a sete novos secretários de Estado do XIX Governo Constitucional, no Palácio de Belém.
Ana Rita Gomes Barosa substituiu Paulo Júlio na Secretaria de Estado da Administração Local e da Reforma Administrativa. António Pedro Roque da Visitação Oliveira tomou posse como secretário de Estado do Emprego, lugar ocupado até aí por Pedro Miguel Silva Martins e Franquelim Fernando Garcia Alves foi empossado secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação, cargo desempenhado anteriormente por Carlos Nuno Oliveira.
Adolfo Miguel Baptista Mesquita Nunes tomou posse como secretário de Estado do Turismo, substituindo Cecília Meireles, Francisco Ramos Lopes Gomes da Silva tomou posse como secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, face à saída de Daniel Campelo, e Paulo Guilherme da Silva Lemos tornou-se o novo secretário de Estado do Ambiente e do Ordenamento do Território, no lugar de Pedro Afonso de Paulo.
Alexandre Nuno Vaz Baptista de Vieira e Brito tomou posse como secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agroalimentar, uma nova pasta criada nesta terceira remodelação.
Nos governos anteriores as primeiras remodelações surgiram ao fim de quatro meses. Com Sócrates, a primeira "baixa" foi o ministro das Finanças, Campos e Cunha, por motivos "pessoais, familiares e de cansaço".
Santana Lopes fez uma "míni remodelação" de secretarias de Estado, mas provocou uma crise política que culminaria no recurso à "bomba atómica" por parte do então mais alto magistrado da Nação, Jorge Sampaio, que dissolveu o Parlamento e convocou novas eleições.