"Afirmações são discriminatórias contra mim e contra a Goldman Sachs"

O antigo presidente da Comissão Europeia escreveu uma cara a Jean-Claude Juncker em que se queixa da "discriminação" e afirmações "sem fundamento" de que está a ser alvo
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Durão Barroso acusou a Comissão Europeia de "discriminação" e "inconsistência" face à decisão de Jean-Claude Juncker de pedir uma consulta ao gabinete de ética sobre o seu novo cargo de administrador não executivo da Goldman Sachs.

"Tem sido dito que o simples facto de trabalhar com a Goldman Sachs levanta questões de integridade", afirmou Durão Barroso, numa carta dirigida ao presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que o Financial Times revelou em primeira mão. "Embora respeite que todos têm direito a ter uma opinião própria, as regras são claras e devem ser respeitadas. Estas afirmações não têm fundamento nem qualquer mérito. São discriminatórias contra mim e contra a Goldman Sachs".

O presidente da Comissão Europeia revelou este fim de semana que iria pedir que a contratação de Barroso pela Goldman Sachs fosse analisada por um comité de ética, que se vai certificar de que é compatível com o dever de Barroso "de agir com integridade e discrição", segundo as leis da União Europeia.

[citacao:Estas afirmações não têm fundamento nem qualquer mérito. São discriminatórias contra mim e contra a Goldman Sachs]

"Enquanto, em princípio, não tenho nenhuma objeção contra o comité [de ética], ficaria preocupado se uma decisão sobre a minha posição já tivesse sido tomada", continuou o antigo primeiro-ministro português. "Se for o caso, gostaria de perceber como esta decisão foi tomada, por quem e com que fundamento".

A comissão de ética da Comissão Europeia já tinha afirmado que não há um conflito de interesses na nomeação de Barroso, uma vez que já passaram 18 meses desde que este abandonara o cargo, mas ainda assim a nova posição de Barroso, que foi presidente da Comissão Europeia entre 2004 e 2014, tem levantado vários protestos por parte de políticos europeus e não só.

Esta sexta-feira, uma petição online que pedia que Barroso perdesse a reforma da Comissão Europeia contava já com mais de 140 mil assinaturas.

"Estas ações não são apenas discriminatórias mas parecem ser inconsistentes com as decisões tomadas a respeito de outros antigos membros da comissão [europeia]", afirmou Durão Barroso, na carta a Juncker.

Quanto aos "privilégios de passadeira vermelha", a que Barroso tinha direito por ter sido presidente da Comissão Europeia e que foram recentemente retirados, o novo administrador não executivo da Goldman Sachs apenas afirmou: "Nunca procurei ter uma posição privilegiada mas não esperava ser discriminado".

Jean-Claude Juncker, afirmou no fim de semana que Barroso "será recebido na Comissão não como antigo presidente mas como representante de um interesse e será sujeito às mesmas regras [que os outros]".

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