Dupla vice-campeã olímpica em risco de se separar

Fernando Pimenta quer deixar parceria com Emanuel Silva e passar a competir em K1. Federação não cede "a caprichos", avisa o presidente Mário Santos.
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O presidente da Federação Portuguesa de Canoagem garantiu esta terça-feira que as opções da seleção são imunes a "caprichos e ameaças dos atletas", pelo que Fernando Pimenta tem como "única opção" acatar as decisões do selecionador.

"A federação não é dirigida nem toma opções de acordo com ameaças ou caprichos de atletas na seleção. É o selecionador quem define quais as tripulações, não são os atletas que decidem as provas que fazem. Infelizmente, o Pimenta tem uma agenda muitas vezes incompatível com os interesses da federação e do país no que diz respeito ao alto rendimento", criticou, em declarações à Lusa.

Também à Lusa, o vice-campeão olímpico reiterou a decisão de abdicar dos mundiais de Duisburgo, no fim de agosto, caso não compita no desejado K1 1.000 (opção será tomada próximo da competição): "Tinha de ser uma decisão tomada não apenas por mim. Já falei com a minha família, treinador e amigos. Tenho valor em K1 e devo ter essa oportunidade".

"Abdicar? São opções do atleta. Já ouvi muitas versões. Que ia competir pelo Brasil, mudar-se para o triatlo e outras modalidades. Com dinheiros dos contribuintes, o Estado investe 50.000 euros por ano nos atletas do alto rendimento olímpico. Portanto, é legítimo a federação, que é responsável por essa gestão, optar pelas embarcações que dão mais garantias de sucesso", vincou Mário Santos.

Garantindo ser "imune à pressão, tal como [o selecionador] Ryszard Hoppe", o dirigente recorda ainda que, nos seus oito anos na presidência da federação, Fernando Pimenta "conquistou nove medalhas em campeonatos da Europa e do Mundo, sendo sete em tripulações e duas em K1".

Fernando Pimenta diz que tem feito a maior parte das provas em tripulações, "sem oportunidade de mostrar o nível em K1", mas Mário Santos contrapõe recordando que apenas em 2012 não lhe foi dada essa oportunidade, "para fazer o K2 1.000 com Emanuel Silva, vice-campeão olímpico em Londres2012 na única medalha de Portugal".

O atleta do CN Ponte de Lima não se conforma: "Sempre respeitei os interesses da federação, mas ela pode ver que há atletas com objetivos pessoais. Podia dar-me essa oportunidade".

"Mesmo contrariado, dei sempre o meu melhor, até hoje. Podia ter feito algum tipo de jogo para demonstrar que a embarcação não era a ideal, mas sempre dei o meu melhor em prol de resultados. Espero que a federação veja que está na altura de me deixar competir em K1", acrescentou.

Mário Santos diz que já deu "muitos conselhos" a Pimenta, mas entende que o atleta "tem muita dificuldade em ouvir", o que não impede o presidente de deixar um elogio: "Não tenho dúvidas de que tem todas as condições para ganhar o que até hoje ninguém ganhou. Que saiba gerir a sua carreira sem ter de justificar quatro ou cinco carreiras a reboque da dele".

"Pimenta é um atleta muito impulsivo e, a partir do momento em que ultrapassa os parâmetros mínimos de educação e respeito pelos colegas, perde toda a razão. Dele espero que tenha fora da água o comportamento e forma de estar que tem dentro", concluiu.

A Lusa tentou, em vão, contactar Emanuel Silva, que hoje mesmo se expressou no seu Facebook: "Tenho um objetivo definido, Portugal no mais alto lugar do pódio, seja de K1, K2 ou K4. Estou preparado para ajudar Portugal a triunfar".

Mediante o que lhe foi transmitido pelos responsáveis, o vice-campeão olímpico revela que preparou toda a época para competir em K2 e K4 1.000 e que está "focado nessa aposta", lembrando que "o K2 tem potencial para liderar as provas de 1.000, já tendo dado provas disso".

"Tenho eu de sofrer com as guerras? Eu não quero guerras! Eu faço o que me mandam, sempre a pensar no melhor resultado para a canoagem e para Portugal", concluiu.

Após os Europeus de Montemor-o-Velho, Ryszard Hoppe recordou que ainda falta "muito tempo" até ser tomada a decisão.

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