Duarte Lima faz retrato-robô da suspeita do 'caso Feteira'
A polícia brasileira diz que o retrato-robô de Gisele - a mulher com quem Duarte Lima diz ter deixado Rosalina Ribeiro pouco antes de ser morta - enviado pelo ex-deputado português através do seus advogados brasileiros "não é credível." A imagem, que chegou à Divisão de Homicídios do Rio de Janeiro, na passada sexta-feira, não refere, alegadamente, a metodologia utilizada nem mesmo qual a entidade que a realizou. "Não entendemos como é que não houve disponibilidade para colaborar connosco, mas houve para recorrer a uma entidade desconhecida", assinalou fonte policial.
No entanto, essa não é a única razão apontada pelas autoridades cariocas para o descrédito. Segundo os investigadores, o local onde um retrato- -robô é feito influencia o resultado final. "Caso essa imagem tenha sido feita em Portugal, os programas informáticos não terão tantas especificidades de cidadãos brasileiros", disse a mesma fonte, explicando que o programa utilizado no Brasil foi escolhido de modo a ser sensível à mistura étnica existente no país. "Se nos derem características físicas de uma pessoa, o programa que utilizamos vai moldá-las à realidade, às características dos cidadãos brasileiros", acrescentou.
Segundo o DN apurou, a polícia carioca pediu ontem à advogada assistente de Duarte Lima respostas às questões: "Quem forneceu os dados? Quem fez? E onde foi feita a imagem?"
Enquanto as respostas não chegam, a polícia garante que irá afixar o cartaz em Maricá, tal como foi solicitado pela defesa do jurista português. O documento traz uma fotografia de Rosalina e um desenho da alegada Gisele, bem como a seguinte inscrição: "Se você tiver visto estas duas senhoras ou souber de alguma informação sobre elas, favor ligar" (ver imagem).
Questionado sobre a eficiência deste comunicado, fonte da Divisão de Homicídios garante que "é quase impossível alguém se lembrar das pessoas com quem se cruzou há cerca de um ano." As autoridades reforçam ainda que "se Gisele fosse de Maricá já tinha sido descoberta porque se trata de uma cidade muito pequena onde toda a gente se conhece." Caso não seja, o "alerta não vai trazer resultados."
Segundo o DN apurou, qualquer retrato- -robô realizado por autoridades policiais deve ser acompanhado por uma descrição do trabalho realizado, bem como do "caminho" seguido até chegar à imagem final. Algo que, segundo a polícia civil do Rio de Janeiro, não se verifica no retrato-robô que receberam pelas mãos dos advogados brasileiros.
"No Brasil só a polícia pode fazer este tipo de retrato, portanto, partimos do princípio que ele não foi feito aqui", diz fonte ligada à investigação sobre a morte de Rosalina Ribeiro naquele país.
O DN tentou, sem sucesso, durante o dia de ontem, contactar o advogado brasileiro de Duarte Lima, João Costa Ribeiro Filho.