Fogos. Duarte de Bragança sugere "serviço cívico"... mas voluntário

A propósito do incêndio de Monchique, pretendente ao trono defende que "os jovens deveriam ser incentivados para uma maior participação cívica"
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Defensor do Serviço Militar Obrigatório, D. Duarte de Bragança, pretendente ao trono português, defende agora que seja instituído um serviço cívico que prepare os jovens para "ajudar" os que combatem a "catástrofe" dos incêndios, "ou outras".

"Apelo a uma mobilização dos jovens, que devem ser sensibilizados para esta grave questão [dos incêndios] e que poderiam dar o seu contributo. Na ausência do serviço militar obrigatório, os jovens deveriam ser incentivados para uma maior participação cívica sendo preparados para ajudar os que combatem estas catástrofes, e outras que poderão acontecer. A generosidade e coragem dos jovens irá levá-los a participar com entusiasmo em iniciativas destas", considerou, num comunicado emitido a propósito do incêndio de Monchique.

Falando ao DN, D. Duarte explicou que o serviço cívico que pretende ver instituído será voluntário. "Em Portugal não seria aceite um serviço cívico obrigatório", explicou. Neste contexto, recordou o facto de o seu filho mais velho, Afonso, se ter decidido a fazer voluntariado para os bombeiros em Lisboa, onde agora está em formação.

Contudo - acrescentou - o Estado deveria proporcionar "incentivos ou vantagens" a quem aderisse. Por exemplo, dando aos voluntários prioridade no acesso à Função Pública ou acesso a bolsas de formação educacional e/ou profissional.

Para D. Duarte, este serviço cívico deveria proporcionar formação em combate aos fogos, primeiros socorros, e, em geral, assistência humanitária, para o caso de catástrofes naturais.

Não querendo pormenorizar sobre o tempo que um serviço destes poderia durar - "porque essa é uma questão técnica" -, o pretendente ao trono português explicou ainda que poderia ser cumprido "nos fins de semana e nos tempos livres" e "sem conflituar com o emprego ou estudos" do voluntário. O enquadramento orgânico poderia ser do serviço de bombeiros, porventura em coordenação com as Forças Armadas.

Para D. Duarte, os grandes exemplos nesta matéria são a França e a Suíça.

Em França, por iniciativa do Presidente Macron, já foi aprovado um plano para reinstituir o Serviço Militar Obrigatório (SMO), que tinha acabado em 1997. O novo SMO francês será dividido em duas fases: a primeira traduz-se num mês de serviço obrigatório com um foco na cultura cívica, ou seja, trabalho voluntário (ensino, caridade) e instrução com a polícia, bombeiros e exército. Já a segunda fase será um programa voluntário, de três meses a um ano, onde os jovens serão encorajados a servir "numa área ligada à defesa e segurança" ou a fazerem voluntariado numa área que entenderem.

Já na Suíça, segundo as explicações de D. Duarte, o serviço cívico é alternativo ao SMO para quem recuse cumprir este - por razões filosóficas, por exemplo (caso dos objetores de consciência). Contudo, esse serviço cívico é feito em condições mais exigentes do que o serviço militar.

No comunicado onde sugeriu a criação deste novo serviço cívico, D. Duarte considerou que "não é compreensível que apenas um ano depois da tragédia de Pedrógão a situação se mantenha e que as populações do interior do país continuem desprotegidas".

"Os nossos governantes prometeram preparação, mas o que temos vindo a assistir são sistemáticas situações de descoordenação de entidades com responsabilidades na proteção. Depois da repetição de uma situação com esta gravidade, é importante retirar as devidas consequências - políticas e operacionais", considerou ainda.

Para o pretendente ao trono português, é "definitivamente necessária uma séria reorganização do espaço florestal que reduza a probabilidade e gravidade deste tipo de situações", sendo que "essa reorganização deve partir do Estado e não dos particulares, que em geral não têm capacidade económica para fazer face ao que é necessário".

D. Duarte considerou ainda que, "quanto aos meios aéreos e terrestres disponíveis, estão longe de ser os mais adequados, segundo as opiniões dos especialistas nacionais e estrangeiros". "Não faz sentido por em risco as vidas de quantos combatem no terreno, e não lhes dar as armas necessárias!"

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