Os dois homens, que foram figuras destacadas do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP, no poder na Turquia desde 2002), divulgaram as críticas em mensagens na rede social Twitter na noite de terça-feira..Gul, presidente entre 2007 e 2014, comparou a anulação na segunda-feira pelo Comité Eleitoral da Turquia (CET) da vitória do candidato da oposição à câmara de Istambul à invalidação pelo Tribunal Constitucional em 2007 da sua eleição pelo parlamento como presidente da República. .O motivo desta invalidação foi não ter sido atingido o quórum de 367 deputados, numa sessão boicotada pela oposição precisamente para que a eleição fosse anulada.."O que senti em 2007 com a decisão injusta do Tribunal Constitucional senti-o ontem (segunda-feira) quando um outro órgão superior, o Comité Eleitoral, divulgou a sua decisão", escreveu Gul.."É lamentável que não possamos seguir em frente", adiantou..Davutoglu, que ocupou o cargo de primeiro-ministro entre 2014 e 2016, considerou por seu turno que a decisão do Comité Eleitoral mina a democracia turca.."O valor fundamental da nossa tradição política deve ser garantir que a vontade do povo é refletida nas urnas. Sejam quais forem os pretextos e as razões, os acontecimentos que se seguiram às eleições de 31 de março e a decisão CET minaram um dos nossos valores fundamentais", disse..A derrota do AKP em Istambul, que controlava há 25 anos, representou um revés sem precedentes para Erdogan, que muitas vezes no passado declarou que "quem ganha Istambul, ganha a Turquia"..Depois de vários recursos do AKP, o Comité Eleitoral anunciou na segunda-feira a anulação dos resultados da eleição municipal vencida pelo candidato da oposição Ekrem Imamoglu e a realização de nova votação a 23 de junho..A oposição denunciou um "'putsch' contra as urnas" e uma medida que encaminha a Turquia para "a ditadura", enquanto Erdogan expressou satisfação por ter conseguido uma nova eleição.