Dois enviados especiais do diário francês Le Monde, presos na quinta-feira no Burundi "na companhia de criminosos armados", segundo as autoridades, foram hoje libertados sem acusação após a sua audição pelo procurador, informou a embaixada de França em Bujumbura..O francês Jean-Philippe Rémy e o britânico Phil Moore "foram libertados. Não foi emitida qualquer acusação com eles", disse à agência noticiosa France Presse (AFP) o embaixador de França em Bujumbura, Gerrit Van Rossum, precisando que o seu equipamento profissional não lhes foi entregue no imediato..Rémy, 49 anos, é o correspondente regional para África do Le Monde, e Moore, 34 anos, é um fotógrafo independente que trabalha regularmente para a AFP. Para além do Le Monde, também efetuou reportagens para o New York Times, The Guardian e Der Spiegel..[artigo:5005636]."Phil Moore e Jean-Philippe Rémy foram libertados", indicou igualmente em comunicado a Associação dos Correspondentes Estrangeiros na África Oriental (FCAEA), exprimindo o seu "grande alívio"..Após uma noite passada na sede do Serviço nacional de informações (SNR), onde foram interrogados, os dois enviados especiais foram transportados ao início da tarde de hoje para o Palácio de justiça de Bujumbura para serem escutados pelo procurador..Segundo a polícia, foram detidos na tarde de quinta-feira em Nyakabiga, um bairro do centro de Bujumbura, onde a polícia foi informada de "uma reunião promovida por um grupo de criminosos". O grupo escapou mas a polícia "deteve quatro pessoas, quatro burundianos que tinham duas pistolas e um britânico", Phil Moore, disse à AFP o porta-voz adjunto da polícia, Moïse Nkurunziza.."A polícia ficou muito surpreendida e inquieta por ver um jornalista, com todas as autorizações para trabalhar no Burundi e que nada tinha a recear da polícia, correr e fugir", acrescentou, precisando que Rémy foi detido quando pediu informações sobre o seu colega..O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Laurent Fabius, apelou hoje "às autoridades do Burundi para procederem à sua libertação imediata". Le Monde, a AFP e numerosas organizações também apelaram à sua libertação, afirmando que estes dois "jornalistas experimentados" apenas estavam a exercer a sua profissão..O anúncio da candidatura do Presidente Pierre Nkurunziza a um terceiro mandato conduziu o Burundi a uma grave crise, com os seus adversários a acusá-lo de violar a Constituição e o Acordo de Arusha que pôs termo à sangrenta guerra civil (1993 e 2006), que permanece latente no país africano..Mais de 400 pessoas foram mortas desde o início da crise, assinalada por uma tentativa de golpe de Estado militar, manifestações brutalmente reprimidas e uma intensificação da violência, desde a controversa reeleição de Nkurunziza em julho..Mais de 200.000 pessoas optaram pelo exílio, incluindo numerosos opositores, militantes associativos e jornalistas..[artigo:4927263]