Dois deputados do PS pegam-se um com o outro. João Soares acalma-os
João Soares, deputado do PS, foi ontem à tarde forçado a fazer de "força de interposição" numa acesa discussão pública, num corredor da Assembleia da República, que envolveu outros dois camaradas seus da bancada socialista: Ascenso Simões (eleito por Vila Real) e Joaquim Raposo (Lisboa).
Segundo o DN soube junto de outros deputados - que pediram anonimato - a discussão começou na comissão parlamentar de Defesa, envolvendo, num primeiro momento, Ascenso Simões - que é coordenador dos deputados socialistas naquela comissão - e José Matos Correia, do PSD.
No essencial, Ascenso exige - falando em nome do PS - que as audiências da comissão aos chefes militares sejam realizadas à porta aberta, enquanto o resto da comissão entende o contrário (as audiências devem ser fechadas).
Acontece que, depois, passou para fora da comissão, num corredor do Parlamento (o corredor que faz a ligação do edifício velho ao edifício novo). Ascenso Simões e Joaquim Raposo - que tinha participado pela primeira vez numa reunião da Comissão de Defesa - envolveram-se numa violenta discussão.
Testemunhas dizem que chegaram mesmo a existir uns "encostos" entre os dois - porém ambos o desmentiram ao DN (Ascenso Simões só admitiu ter posto "uma mão no ombro" de Joaquim Raposo, mas "sem intenção agressiva").
Face à animosidade, um terceiro deputado do PS membro daquela comissão, João Soares, teve de intervir, para separar os seus dois camaradas. O incidente terá envolvido trocas de insultos e sido testemunhado por parlamentares de outros partidos que se deslocavam entre o edifício novo da AR (onde ficam a maior parte dos gabinetes dos deputados) e o velho (onde ficam as salas das comissões e a sala do plenário).
Saber se a divergência está mesmo resolvida é o que falta saber. Ascenso Simões disse ao DN que hoje tomou o pequeno-almoço com Joaquim Raposo, tendo ambos feito as pazes.
Em 8 de dezembro, Ascenso Simões foi notícia por causa de uma acesa troca de insultos que protagonizou, com o deputado do CDS António Carlos Monteiros, também na comissão parlamentar de Defesa. O que estava então em causa era a decisão de enviar ou não documentos relativos a Tancos da comissão de Defesa para a comissão de inquérito parlamentar aquele assalto militar.
O CDS exigia essa transferência de documentos (que chegaram à AR via procuradoria-geral da República) e o PS recusava-a. António Carlos Monteiro chamou "arruaceiro" a Ascenso Simões e este respondeu-lhe tratando-o por "fascista".
O presidente da comissão, Marco António Costa, do PSD, desdramatizou, considerando ter-se estado apenas perante "uma situação de debate parlamentar mais acalorado que ficou imediatamente sanada". "O assunto está ultrapassado e pertence ao passado", concluiu.