Distritais pró Montenegro reuniram e não avançam com moção de censura

A moção de confiança à direção do PSD vai a votos na quinta-feira, data do Conselho Nacional extraordinário. Nos bastidores, movimentam-se as tropas de Luís Montenegro e as de Rui Rio. Contagem de espingardas em curso.
Publicado a
Atualizado a

Sete dirigentes distritais do PSD pró Luís Montenegro reuniram-se no domingo, em Lisboa, para afinar a estratégia e decidiram não avançar com a moção de censura ao presidente do partido, para a qual andaram a recolher assinaturas. O argumento é simples: se Rio apresenta uma moção de confiança então é essa que será votada.

Nesta reunião participaram, ao que o DN apurou, os presidentes das distritais de Lisboa, Setúbal, Viseu, Castelo Branco, Coimbra e Viana do Castelo, respetivamente, Pedro Pinto, Bruno Vitorino, Pedro Alves, Manuel Frexes, Maurício Marques e Carlos Morais. E ainda o vice-presidente da de Faro, Cristóvão Norte.

Fontes ligadas a este grupo, admitem ao DN que "vai ser difícil" conseguir os votos para rejeitar a moção de confiança do presidente do partido. Mas a semana vai ser passada em contactos e mais contactos a tentar convencer os conselheiros que Luís Montenegro dá mais garantias de sucesso ao partido nas eleições deste ano.

O número mágico

Os apoiantes de Rui Rio também se multiplicam em contactos. Dos 136 membros do Conselho Nacional que podem votar a moção, o líder do PSD precisa que pelo menos 69 lhe deem a confiança para continuar o mandato. Mas a direção social-democrata está confiante que o movimento pró-Montenegro não será bem sucedido.

Fontes do grupo opositor a Rio admitiam, ainda antes de se saber a data de marcação do Conselho Nacional extraordinário, que Rio estaria a protelar a reunião para "conseguir os apoios necessários" e apontavam para a segunda-feira da próxima semana. Mas o CN acabou mesmo por ser agendado para esta quinta-feira, vários dias antes do esperado.

Se a direção tiver o voto de confiança é óbvio, mesmo para os que agora querem derrubar Rio, que o líder do PSD terá caminho aberto e sem pedras até outubro, às legislativas deste ano. E mantêm que o desafio de Montenegro para diretas representa "um ato de coragem", que abriu caminho para a candidatura à liderança após as eleições, se o resultado eleitoral do partido for mau como esperam.

Montenegro acusa Rio de "medo"

No final de uma audiência com o Presidente da República, Luís Montenegro acusou Rui Rio de ter revelado "medo" e "falta de coragem" por recusar convocar eleições diretas.

O PSD "ainda vai a tempo de inverter" a sua situação, há condições para se realizarem diretas já e é isso aliás que os militantes "preferem", disse o ex-líder parlamentar 'laranja' depois de uma audiência de cerca de 45 minutos, em Belém, com o Presidente da República, a seu pedido.

Luís Montenegro respondeu assim à recusa de Rui Rio em fazer o partido avançar para um processo eleitoral interno geral de disputa da liderança. Ao desafio de Montenegro, Rio contrapôs com a realização de uma reunião do Conselho Nacional (CN) do PSD - já convocada para quinta-feira - na qual levará a votos uma moção de confiança à direção do partido.

Para Montenegro, só eleições diretas, para as quais seriam convocados todos os militantes, teriam um "efeito pleno" de clarificação da situação dentro do partido.

"O Conselho Nacional não é a minha praia", "nunca estiveram nos meus propósitos moções de censura ou de confiança", acrescentou.

Para o ex-líder da bancada do PSD, a decisão de se candidatar e de desafiar Rio para 'diretas já', tem "dois enquadramentos": por um lado, passou um ano desde que Rio chegou à liderança do PSD e "o resultado é mau"; por outro, "o PSD ainda está a tempo de inverter a decisão".

Montenegro considerou ainda "um absurdo" que a sua decisão de avançar seja interpretada como um sinal de preocupação face ao processo de elaboração das listas de candidatos a deputados que o partido apresentará para as eleições legislativas de outubro próximo.

"Não estou preocupado com listas, nunca estive", disse, recordando que há um ano renunciou ao mandato de deputado. Segundo Montenegro, na verdade quem está preocupado com a questão das listas são muitos dos apoiantes de Rio.

O candidato recusou fazer previsões sobre o que acontecerá no CN - "não sei o que acontecerá" - mas assegurou que ele próprio continuará "obviamente" candidato a presidente do partido se aquele órgão se encaminhar para a convocação de diretas, na sequência de um eventual chumbo da moção de confiança que Rio levará a votos.

Rui Rio, que mantém a sua agenda de contactos no país, recusou-se a comentar novamente as questões interna do partido e avisou que não vai andar a "animar a comunicação social".

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt