FC Porto acusa Sporting de "crime público" e ameaça não jogar. Leões falam em "irresponsabilidade, tacanhez e mesquinhez"

Em causa o anúncio por parte do Sporting de que Sporar e Nuno Mendes, que tinham testado positivo à covid-19, eram, afinal, "falsos positivos"
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O diretor de comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques, acusou esta segunda-feira o Sporting de anunciar a intenção de cometer um "crime público" no jogo desta terça-feira frente aos dragões, a contar para as meias-finais da Taça da Liga.

Em causa, a utilização de Sporar e Nuno Mendes, que no dia 13 testaram positivo à covid-19. De acordo com declarações proferidas esta segunda-feira, o diretor do departamento clínico do Sporting, João Pedro Araújo, disse que afinal se tratavam de "falsos positivos".

"No dia em que as autoridades apertaram as medidas para a contenção da pandemia o Sporting anunciou a intenção de cometer um crime público. Os jogadores Nuno Mendes e Sporar testaram positivo há quatro dias, mas o Sporting diz que estão em condições de defrontarem o FC Porto", tweetou Francisco J. Marques..

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O protocolo da DGS, assinado pela Dr.ª Graça Freitas, é claro, mesmo nos casos assintomáticos obriga a dez dias de isolamento após o teste positivo. Tudo o que fuja a isto é um crime público que numa altura de crescimento exponencial de casos e de mortes é inaceitável", acrescentou.

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O funcionário portista adiantou que o FC Porto "comunicou esta situação à Liga e à DGS e espera que as autoridades façam cumprir a lei, sob pena de ter de repensar a participação na competição, para defesa de todos os intervenientes". "É uma questão de saúde pública", vincou.

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"É extraordinário e terrível que um clube com as responsabilidades do Sporting se deixe seduzir pela miragem da vitória a qualquer preço para tentar atropelar a lei e ser um péssimo exemplo para toda a população. A estupidez, mesmo quando assintomática, é muito perigosa", concluiu.

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Minutos depois, o clube também reagiu oficialmente, denunciando a situação. "Esta antecipação em seis dias do fim do isolamento dos dois jogadores do Sporting é um crime público, inaceitável numa altura em que Portugal é líder mundial do número de novos casos de covid-19 por milhão de habitantes e numa fase em que todos os dias se bate o recorde nacional de mortes por esta doença. E é ainda mais incompreensível por ser cometido por um clube presidido por um médico", refere a nota publicada no site oficial.

Entretanto, o Sporting reagiu através do seu diretor de comunicação, Miguel Braga. "Temos de perceber a irresponsabilidade, tacanhez e mesquinhez que é preciso ter para escrever um comunicado destes relativamente a um assunto sério que é esta pandemia e os testes. O Sporting não foi beneficiado e não está a tentar tirar nenhum proveito que não esteja completamente no seu direito. O Sporting foi prejudicado por um erro de um laboratório, que já admitiu o erro", disse na Sporting TV.

O responsável leonino frisou que o "Sporting implementou medidas adicionais e tem um acompanhamento muito maior relativamente ao que se passa com os seus jogadores relativamente à covid-19".

"Foi com estranheza que o Sporting viu que dois jogadores que não tinham qualquer sintomas estavam positivos. Por achar isso muito estranho foi pedir segundas e terceiras opiniões, no imediato. Existiu um erro, o laboratório já assumiu o erro, temos provas e há alguém no Norte do país que quer que o Sporting continue a ser prejudicado porque acordou mal-disposto ou coisa do género. Não é preciso o FC Porto falar com a DGS e com a Liga porque o Sporting já o fez e já comunicou e deu estes elementos a quem de direito", acresentou, acusando o FC Porto de "pressões e ameaças públicas" e convidando os azuis e brancos a não comparecer.

O lateral esquerdo português Nuno Mendes e o avançado esloveno Sporar realizaram um teste PCR com resultado positivo na quarta-feira, antes do duelo da 14.ª jornada (1-1), mas dois testes efetuados "em laboratórios distintos", nos dois dias seguintes, foram negativos.

"Em concordância com o quadro clínico dos atletas, sempre totalmente assintomáticos, e no qual não foi possível concluir o foco de contágio, pode concluir-se que os resultados foram falsos positivos", indicou o médico do Sporting, antes da conferência de imprensa de antevisão ao encontro com o FC Porto, de terça-feira, para a Taça da Liga.

João Pedro Araújo explicou que a estrutura leonina aplicou "medidas adicionais" ao protocolo, com "testes internos e diários, em virtude do agravamento do quadro epidemiológico".

A direção clínica do Sporting "reconhece o extremo valor destes testes no combate à pandemia, com valores de especificidade do teste superiores a 99%", sendo "bastante raro" o resultado do teste "ser positivo e a pessoa não estar infetada".

"É com mágoa que registamos este erro. Foi um lapso que obrigou, de forma errada, a direção clínica a privar a equipa técnica de dois elementos do plantel para o jogo com o Rio Ave", lamentou, agradecendo "às autoridades de saúde e laboratórios pela colaboração e célere resposta".

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