Antes de Domantas Sabonis, a NBA conheceu outro jogador com o mesmo apelido: Arvydas Sabonis. Sim, são filho e pai, ambos de nacionalidade lituana. O filho está na liga norte-americana de basquetebol desde 2016 e fez história no último fim de semana ao tornar-se no segundo basquetebolista desta nacionalidade a participar no All Star Game. O pai foi considerado um dos melhores jogadores da Europa e um dos primeiros atletas do Leste a emigrar para a NBA, em 1995. Mas, apesar da boa fama, nunca conseguiu jogar um All Star Game..Domantas, 23 anos, que já nasceu nos Estados Unidos, em Portland, joga atualmente nos Indiana Pacers. Em 2016 foi selecionado pelos Orlando Magic no draft da NBA como a 11.ª escolha, mas foi negociado na mesma noite para os Oklahoma City Thunder, franquia onde permaneceu uma temporada. Antes, fez carreira no basquetebol universitário - a ESPN colocou-o no top 20 do ranking dos jogadores da NCA, descrevendo-o na altura como "um dos melhores e mais ousados ressaltador do país". Hoje está em ascensão e é já uma das figuras dos Pacers.."O sentimento pelo basquetebol é o mesmo que o meu pai tinha. Mas pessoalmente não vejo muitas comparações. Como toda a minha família e amigos mais próximos, cresci a ver o meu pai jogar, mas dizerem que há semelhanças é um pouco exagerado", referiu Domantas.."Eu e os meus irmãos crescemos no mundo do basquetebol, mas na verdade o nosso pai não nos encorajou a jogar. Simplesmente fomos crescendo a assistir aos jogos dele em Portland. Tínhamos o basquetebol à mão de semear e decidimos que queríamos jogar (os irmãos Tautvydas e Zigmantas também praticaram a modalidades)", acrescentou o atual jogador dos Indiana Pacers, que no All Star Game atuou pela equipa de LeBron James (que venceu) - marcou dois pontos e fez seis ressaltos..Arvydas Sabonis destacou-se como jogador de basquetebol num tempo de grande agitação política nos países do Leste, com a queda do Muro de Berlim, a glasnost de Mikhail Gorbachev, a desintegração da União Soviética e a independência da Lituânia em 1990. Jogou pela seleção da União Soviética entre 1982 e 1991 e depois, a partir dos Jogos Olímpicos de Barcelona (1992), já com as cores da Lituânia..Ganhou tudo! Um campeonato da Europa, um Mundial, uns Jogos Olímpicos e vários campeonatos ao serviço de equipas como o Real Madrid (Espanha) e Zalgiris (União Soviética). Nas Olimpíadas de Seul, em 1988, foi medalha de ouro com a seleção soviética e um dos heróis das meias-finais, quando os russos venceram os Estados Unidos por 82-76 (depois bateram na final a Jugoslávia). E pela Lituânia foi bronze nos Jogos de Barcelona (1992) e Atlanta (1996)..Lesões, senadores e contrato.Arvydas só chegou à NBA em 1995, já com 31 anos. Mas o interesse dos americanos no gigante de 2,21 metros já existia desde 1985, primeiro selecionado pelos Atlanta Hawks como a escolha 77 do draft e no ano a seguir pelos Portland Trail Blazers. Só que na altura, apesar dos esforços que até incluíram pedidos de um senador da Califórnia, de um congressista de Portland e de dois secretários de Estado, a transferência foi sempre negada pelo regime soviético..O ex-basquetebolista acabou por conseguir permissão em 1986 para passar uma temporada nos Estados Unidos. Mas não relacionada com uma transferência. Arvydas contraiu uma grave lesão no tendão de Aquiles e obteve uma permissão especial para ser tratado durante três meses em solo norte-americano pelo departamento médico do Portland Blazers. Dizem que o namoro entre a equipa e o gigante lituano começou aí. As lesões foram uma constante na sua carreira. Algumas graves. Mas nem isso impediu que em 1995 os Portland finalmente o contratassem..Antes de assinar contrato, o então manager da franquia perguntou ao médico da equipa sobre os resultados dos exames médicos, preocupado com as muitas lesões que o basquetebolista sofreu ao longo da carreira. E a resposta não foi animadora: "Pode facilmente solicitar uma vaga de estacionamento para deficientes no clube." Mesmo assim foi contratado e um dos primeiros pedidos que fez foi que lhe oferecessem um jipe de marca Chrysler, ele que nunca escondeu que a sua bebida preferida era a cerveja..Domantas Sabonis nasceu em maio de 1996, precisamente seis meses depois de o seu pai se estrear na NBA (o filho mede 2,11 metros, em contraste com os 2,21 do pai). Arvydas ainda jogou sete temporadas na liga norte-americana de basquetebol, depois de ter representado o Valladolid e o Real Madrid, de Espanha. Deixou a sua marca, mas há quem garanta que, se não fossem as lesões e se tivesse chegado mais novo, poderia ter sido uma lenda da NBA..Por isso, as comparações não são justas. "Eram outros tempos e além disso o meu pai chegou tarde à NBA, caso contrário certamente que também teria conseguido ser um All Star. Ele continua a dar-me conselhos, mas sempre deixou que eu seguisse o meu próprio caminho. Mas sei que ele está muito orgulhoso do meu trajeto", disse Domantas, citado pela imprensa norte-americana, que não lhe poupa nos elogios mas faz questão de recordar sempre quem foi o pai..Os Sabonis não são a única dinastia na NBA. Aliás, há vários casos no basquetebol norte-americano. Stephen Curry, por exemplo, estrela dos Golden State Warriors, é filho de Dell Curry, antigo jogador dos Charlotte Hornets..No ano passado houve até um duelo interessante, de um pai contra um filho, quando os Clippers, treinados por Doc Rivers (antigo jogador), defrontaram os Houston Rockets, onde jogava o filho Austin Rivers. O jogo deu muito que falar, porque Austin, a dado momento, pediu a expulsão do treinador rival (o seu pai) por ter protestado com o árbitro e o pedido foi aceite. "O Thanksgiving [Dia de Ação de Graças] vai ser estranho...", desabafou no final o filho.