Dinamarqueses saem à rua a favor e contra proibição do véu islâmico integral
Centenas de dinamarqueses protestaram hoje contra a proibição do uso de véus islâmicos integrais nos locais públicos, acusando o governo de violar o direito das mulheres a vestirem e usarem o que quiserem. Mas houve também dezenas de pessoas que saíram às ruas para apoiar a nova lei.
Entrou hoje em vigor na Dinamarca a proibição de uso de burqa (que cobre o corpo todo) e niqab (véu islâmico com uma ranhura na zona dos olhos), assim como barbas falsas, máscaras e outro tipo de acessórios que cubram o rosto. A lei proposta pelo governo de centro-direita do primeiro-ministro Lars Løkke Rasmussen (formado pelos liberais do Venstre, pelo Partido Popular Conservador e pela Aliança Liberal) foi aprovada no final de maio, com 75 votos a favor, 30 contra e 74 abstenções.
A manifestação contra a nova lei incluía mulheres muçulmanas que usam o véu islâmico, mas também outros cidadãos que em solidariedade cobriram o rosto com máscaras. O percurso do protesto ligou o bairro de Norrebro, em Copenhaga, à esquadra da polícia de Bellahoj, nos arredores.
A manifestação contra, também em Copenhaga, foi organizada pela organização For Frihed (Para a Liberdade), inspirado no Pegida, um movimento político anti-islão que nasceu na Alemanha.
A polícia disse que nenhum dos manifestantes seria penalizado, visto que o uso de véus e máscaras é autorizado em algumas situações, como em casos de liberdade de expressão como parte de protestos pacíficos, segundo a Reuters.
As multas começam nas mil coroas dinamarquesas (pouco mais de cem euros) e a agravam-se gradualmente. Quem insistir em desobedecer à lei pode acabar a pagar até dez mil coroas (cerca de 1300 euros).
Não é conhecido o número de mulheres que usam atualmente burqa ou niqab na Dinamarca. Num relatório de 2010, o governo estimava que seriam entre 150 e 200, a maioria a usar o niqab.
"Se a intenção da lei é proteger os direitos das mulheres, falha abertamente", disse o subdiretor para a Europa da Amnistia Internacional, Fotis Filippou. "Em vez disso, a lei criminaliza as mulheres pela sua escolha de roupas, ridicularizando as liberdades que a Dinamarca pretende defender", acrescentou.