Detidos dois jovens suspeitos do homicídio de jornalista na Irlanda do Norte
Dois jovens, de 18 e 19 anos, foram presos por suspeitas de estarem envolvidos no homicídio da jornalista Lyra McKee, de 29 anos, que morreu na quinta-feira em Londonderry, na Irlanda do Norte, no que a polícia descreveu como "incidente terrorista". Detidos sob suspeita de ato terrorista, serão presentes a interrogatório numa esquadra em Belfast.
De acordo com a informação avançada pela BBC, a editora no site Mediagazer que já escreveu para a Atlantic e a Buzzfeed foi atingida a tiro enquanto observava os motins desencadeados por operações policiais no bairro de Creggan.
A violência começou durante uma operação policial em várias casas nos bairros de Mulroy Park e Galliagh. Segundo as autoridades, os dissidentes estavam a preparar vários ataques na cidade durante o fim de semana da Páscoa, sendo que o objetivo da operação era detetar eventuais armas que pudessem ser usadas.
Lyra McKee estava ao lado de um carro da policia, juntamente com outros jornalistas, quando foi baleada. Há imagens de um atacante mascarado que dispara sobre a polícia e os civis que se encontravam a assistir aos confrontos, por volta das 23.00.
Durante o motim, que começou em Fanad Drive, foram lançados cerca de 50 cocktails molotov contra a polícia e pelo menos dois carros foram incendiados.
Segundo a informação divulgada inicialmente, o chefe adjunto da polícia, Mark Hamilton, suspeitava que o Novo IRA, o maior grupo dissidente a operar na Irlanda do Norte, estivesse por detrás do tiroteio. Embora o Exército Republicano Irlandês (IRA) tivesse anunciado o fim da luta armada em julho de 2005, vários dissidentes que não aceitaram a resolução pacífica do conflito na Irlanda do Norte continuam a realizar ataques esporádicos.
Além de outras três mortes atribuídas ao grupo nos últimos anos, o Novo IRA reivindicou, já este ano, a responsabilidade pelo carro armadilhado às portas do tribunal em Derry.
Jason Murphy, o polícia que se encontra a liderar a investigação, descreveu a morte da jornalista como "sem sentido" e "aterradora".
Numa vigília que decorreu esta sexta-feira, Sara Canning, parceira de Lyra, lembrou que a jornalista era uma "defensora incansável e ativista" da comunidade LGBT.
"O homicídio sem sentido de Lyra McKee deixou uma família sem a sua filha amada, uma irmã, uma tia e uma tia avó; muitos amigos sem a sua confidente", disse Sara, citada pela BBC.
Várias figuras públicas têm vindo a lamentar a morte da jornalista, entre elas o primeiro-ministro irlandês. Leo Varadkar lembrou que Lyra "mudou vidas" enquanto jornalista e ativista e podia ter continuado a fazê-lo. "Isto foi um ataque não apenas contra um cidadão - foi um ataque a todos nós, à nossa nação, às nossas liberdades", afirmou.
Já o ex-presidente dos EUA, Bill Clinton, confessou que estava de "coração partido" pelo homicídio da jornalista e pela "violência em Derry".