"Movimento está apenas a começar". Trump livre para ir a votos em 2024
O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, foi absolvido este sábado pelo Senado de incitar o ataque de 6 de janeiro ao Capitólio dos EUA, que resultou na morte de cinco pessoas.
Uma maioria de dois terços dos 100 senadores era necessária, neste que era o segundo julgamento de impeachment de Trump, para a condenação do anterior ocupante da Casa Branca, mas a votação ficou aquém: 57-43 a favor da destituição.
Sete republicanos juntaram-se aos Democratas na votação para condenar Trump, dez menos do que o necessário para viabilizar o impeachment. Richard Burr, Bill Cassidy, Susan Collins, Lisa Murkwski, Mitt Romney, Ben Sasse e Pat Toomey votaram a favor do impeachment do ex-presidente norte-americano.
Em toda a história dos EUA, apenas outros dois presidentes tinham sido alvo de impeachment, Andrew Johnson em 1866 e Bill Clinton em 1998 (Richard Nixon, alvo do Watergate, demitiu-se antes de ser destituído). No passado dia 13 de janeiro tornou-se no primeiro Presidente na história dos Estados Unidos a ser alvo de dois processos de impeachment. A primeira foi em dezembro de 2019, quando o agora ex-presidente foi acusado de reter ajuda financeira à Ucrânia de forma a obrigar este país a investigar supostos atos de corrupção do filho do seu adversário político Joe Biden, que viria a ser eleito Presidente.
Agora, com esta absolvição no Senado, depois do processo de destituição também ter passado na Câmara de Representantes, Trump não fica impedido de voltar a concorrer ao cargo de presidente dos EUA, nas eleições de 2024.
Twittertwitter1360694987168620546
Assim que se soube da absolvição, Donald Trump reagiu dizendo que o seu movimento político "está apenas a começar", reiterando a intenção de permanecer ativo na política.
"O nosso movimento histórico, patriótico e belo (...) está apenas a começar. Nos próximos meses tenho muito a partilhar e estou ansioso para continuar a nossa jornada para alcançar a grandeza americana para todo o nosso povo", escreveu, citado pela AFP
Trump caracterizou este segundo julgamento por destituição como "mais uma fase da maior caça às bruxas" na história dos EUA. "Nenhum Presidente alguma vez teve de passar por algo assim", revelou numa declaração escrita, em que também agradeceu "à equipa de advogados dedicados e outras pessoas pelo trabalho incansável na defesa da justiça e na defesa da verdade".
O advogado do ex-presidente, Michael van der Veen, considerou que os mentores do processo pareciam "um animal moribundo", que não conseguiu levar a cabo um instrumento de "ódio político". E revelou que a sua casa em Filadélfia foi vandalizada e a família alvo de ameaças: "Minha casa foi atacada, a minha família inteira, o meu negócio, o meu escritório de advocacia estão sob cerco agora. "
Os Democratas no Senado desistiram este sábado de um plano de última hora para o depoimento de testemunhas, que poderia ter prolongado o processo e atrasado um veredicto.
Democratas e Republicanos acabaram por chegar a um acordo para que fosse registada uma declaração de um legislador Republicano sobre um telefonema acalorado no dia do motim, entre Trump e o líder da minoria na Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, segundo a qual os Democratas estabeleceram a indiferença de Trump perante a violência.
O líder dos Republicanos no Senado norte-americano, Mitch McConnell, anunciou que votaria pela absolvição de Donald Trump, acusado de "incitação à insurreição" no ataque ao Capitólio, segundo uma mensagem enviada ao grupo parlamentar e citada pelos media.
O líder republicano explicou que, apesar de considerar que o ex-presidente foi "prática e moralmente responsável" pela invasão do Capitólio, também considera que o Senado não tem capacidade para julgar um ex-presidente para a sua destituição. Por isso, e tendo em conta essa conclusão, votaria sempre "pela absolvição".
Mas isso não faz dele inocente, segundo McConnell, que sugeriu que Trump fosse presente a tribunal e não a um impeachment político. No discurso após a votação o líder da bancada republicana disse que os invasores, "foram alimentados com mentiras pelo homem mais poderoso do mundo, porque estava furioso por ter perdido uma eleição".
Por seu lado, o líder Democrata Chuck Schumer disse que o voto para absolver Donald Trump será visto "como um voto de infâmia na história do Senado dos Estados Unidos". Schumer aplaudiu os sete Republicanos que se juntaram à votação dos Democratas.
Na quinta-feira, os procuradores Democratas pediram a condenação de Trump, mostrando imagens de vídeo que procuravam fazer uma relação direta entre as declarações públicas do ex-Presidente, denunciando fraude eleitoral nas presidenciais de 3 de novembro de 2020, e a ação da multidão que atacou o Capitólio, em 6 de janeiro passado, provocando cinco mortes no próprio dia e ondas de choque que se continuam a fazer sentir.
Na sexta-feira, decorreu a apresentação dos argumentos de defesa, a cargo de uma equipa de três advogados contratados por Trump, que acusaram os Democratas de quererem "vingança política" e ameaçaram prolongar o processo chamando 301 testemunhas a depor.
Os Democratas recuaram, segundo a Imprensa norte-americana, por influência de Joe Biden, que não queria ver o processo arrastar-se indefinidamente, uma vez que se quer concentrar na luta contra a pandemia.