Uma das condições externas para Rui Rio considerar que ainda faz sentido recandidatar-se à liderança do PSD está cumprida: a de ter "utilidade" num Parlamento que não deu maioria absoluta ao PS. E isto porque António Costa não chegou a nenhum acordo escrito com os parceiros da geringonça. No partido todos esperam que vá à luta, mesmo os que os que vão desafiar a sua liderança..Rui Rio tem-se mantido em silêncio e mesmo perante os mais próximos não abriu o jogo se vai ou não recandidatar-se. Mas vários incentivaram-no, batendo-se pela ideia de que tem todas as condições para o fazer, como os vice-presidentes Nuno Morais Sarmento, David Justino e Salvador Malheiro.."Há condições, agora a decisão é inteiramente dele", disse ao DN um dos seus vices, sublinhando que quem está já a criticar o PSD por ser um potencial aliado do PS "esquece-se de que o partido também pode minar esse mesmo PS". E quando? Se numa situação de crise PCP e BE roessem a corda e não dessem a mão ao governo. "Nessa situação, se entendermos que é bom para o país, podemos estar ao lado do PS, se entendermos que não é e que poderemos mudar o rumo político do país, não estaremos", garante o mesmo dirigente..O líder social-democrata convocou para quarta-feira a comissão política para analisar os resultados eleitorais, sem que ninguém garanta que será este o dia em que quebrará o silêncio..A nível interno, do próprio partido, Rio também estará a contar espingardas. Paulo Rangel, que tem sido pressionado pelas alas próximas de Rio para avançar caso o líder decidisse não o fazer, veio colocar-se a seu lado e afastar, para já, uma candidatura. "Sinceramente, não vejo assim com grande simpatia nem vejo nenhuma urgência, porque penso que o resultado, sendo obviamente uma derrota expressiva, é, no entanto, próprio de um partido que lidera a oposição em qualquer país da Europa.".De Bruxelas veio ainda outro apoio, o do eurodeputado José Manuel Fernandes, também líder da distrital de Braga do PSD. A do Algarve também põe as fichas em Rio e na do Porto, embora dividida, também terá bastantes apoios, tal como na de Aveiro.."O voto é muito mais livre".Luís Montenegro, que anunciou a sua candidatura na quarta-feira na SIC, também tem muitos apoios nas estruturas do PSD. Mas há quem lembre que "o partido está muito diferente", o que torna menos previsível em quem os militantes irão confiar o seu voto. A prática de pagamento maciço de quotas dos militantes" para poderem votar num determinado candidato está muito dificultada com as novas regras implementas por Rio..Agora, dizem as mesmas fontes, "o voto é muito mais livre", cada militante recebe uma referência multibanco que será apenas do conhecimento do próprio, com uma validade de 90 dias para liquidar as quotas..Seja como for, há outro candidato que se perfila e que deverá anunciar dentro de dias a intenção de disputar as diretas, no caso Miguel Pinto Luz, vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais e ex-líder da distrital de Lisboa do PSD..O ex-assessor de Pedro Passos Coelho, Miguel Morgado, admitiu também ao DN estar a "ponderar" entrar na corrida à liderança, mas o ainda deputado social-democrata defende que, mais do que nomes, "o partido deveria debater profundamente o seu futuro e quais as grandes escolhas em que se quer empenhar para um projeto de uma sociedade não socialista". E, se possível, "federar" as direitas.