É com um bafo quente e húmido, o termo aloha por todo o lado, que curiosamente tanto pode significar olá como adeus, e o cheiro característico de plumérias com terra húmida que o Havai recebe os seus visitantes logo no aeroporto. Para a maioria das pessoas são necessárias várias horas de voo, já que este arquipélago, perdido no Pacífico, é o centro populacional mais remoto à face da Terra. Mais tarde ou mais cedo, quase todas são atacadas por aquilo que aqui se chama de island fever (febre da ilha) - maleita que para um português será algo equivalente a acordar pela manhã com uma sensação de claustrofobia inexplicável, náuseas e o desejo profundo e surreal de pegar num carro, ir almoçar a Madrid, seguir estrada afora e só parar em França. E muitas ficam contaminadas para sempre por um sentimento de amor-ódio a este lugar mas que as leva a regressar, sempre..Mesmo sujeitos a eventuais ataques de pânico, todos os anos cada vez mais surfistas e turistas voam para o North Shore da ilha Oahu, durante os meses de novembro e dezembro, para assistirem ao desfecho de mais uma época de surf. Dada a pouca oferta, um quarto humilde pode chegar aos 110 dólares por noite (cerca de 110 euros), mas gente para pagar não falta. Afinal trata-se de uma experiência única. Num cenário paradisíaco, que não ultrapassa os 11 quilómetros de extensão à beira-mar, é possível encontrar os surfistas do circuito mundial praticamente todos os dias. Mick Fanning, o líder do ranking, desloca-se pelo bike path a pedalar com a prancha debaixo do braço; Adriano de Souza dá a sua corrida pelo mesmo caminho, Gabriel Medina desfila sempre acompanhado da sua entourage para ir comer um açaí... "E, se estiveres carente, vais ao Foodland (único supermercado na zona). É garantido que vais encontrar sempre alguém com quem conversar e ainda podes sair de lá com um convite para um churrasco", comentava há dias Tiago Pires, em jeito de piada sobre a temporada havaiana..Nos últimos dez anos pouco mudou neste lado da ilha, oposto a Honolulu, capital do estado. Há mais um ou outro food truck novo na Kamehameha Highway, a estrada principal, com apenas uma faixa para cada sentido, paralela ao mar e que liga os dois eixos de animação noturna: Haleiwa, onde estão os restaurantes e a única discoteca da zona no Turtle Bay Resort. Há uma maior variedade de alimentos orgânicos à venda, consequência da revolta das comunidades locais contra a Monsanto, a gigante das sementes geneticamente modificadas que usa as terras do arquipélago como laboratório de teste; mais uns tantos viciados em crack e um ou outro rumor novo que chega pelo Coconut Wireless..Leia mais na edição impressa e no epaper do DN.