"Depois do coronavírus, Lisboa vai livrar-se dos Airbnb", afirma Medina
Num artigo de opinião publicado no jornal britânico The Independent, Fernando Medina defende que "depois do coronavírus, Lisboa vai livrar-se dos Airbnb e transformar os arrendamentos de férias de curta duração em casas para trabalhadores essenciais".
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa reconhece que, nos últimos anos a cidade tem "beneficiado muito" dos "milhões de turistas", mas que foi "pago um preço social".
Indicando que "um terço do centro da cidade é ocupado com arrendamentos de férias", Medina escreve que "trabalhadores essenciais e as suas famílias" foram forçados a sair do centro da cidade, devido às elevadas rendas.
Enumerando algumas das ideias da cidade para fazer este processo de transformação, Fernando Medina escreve que esta transição "é um plano arriscado mas que não é a única forma a ser usada para revigorar o centro da cidade, onde os preços das propriedades dispararam em flecha nos últimos anos".
"Estamos a trabalhar com companhias privadas que estão a renovar alguns dos edifícios negligenciados para garantir que é possível criar habitação acessível, que é muito necessária".
"Agora queremos trazer as pessoas que são a vida de Lisboa para o centro da cidade, ao mesmo tempo em que a tornamos mais verde, sustentável e, em último grau, um sítio melhor tanto para viver como para visitar".
O presidente da CML considera, assim, ser prioritário "habitação acessível para trabalhadores de hospitais, transportes, professores e milhares de outras pessoas que disponibilizam serviços essenciais".
A mensagem de Medina está ainda focada na sustentabilidade: ao garantir que mais pessoas vivem no centro da cidade, o presidente da CML acredita que haverá menos deslocações, já que "os residentes do centro da cidade podem chegar a serviços essenciais (...) em caminhadas de 20 minutos".
"Esta abordagem também ajudará a enfrentar a crise climática e melhorar a saúde pública", já que "cidades mais densas significam menos pessoas a deslocar-se para o centro a cada dia", escreve Medina.
Numa nota, Fernando Medina sublinha ainda que "nada disto significa que Lisboa não queria receber turistas", mas que "é simplesmente a forma de fazer as coisas de forma diferente e, em última instância, beneficiar os visitantes".