Democratas querem mudar o nome do Aeroporto John Wayne
Um grupo de políticos do Condado de Orange, nos EUA, quer mudar o nome do Aeroporto John Wayne e retirar a sua estátua do local após o ressurgimento das controversas declarações do ator feitas numa entrevista à revista Playboy em 1971. Nessa conversa, Wayne expressou o seu apoio apoio à supremacia branca, usou um insulto homofóbico para se referir às personagens de Midnight Cowboy (O Cowboy da Meia-Noite, de John Slessinger, 1969), disse que não sentia qualquer remorso pela escravatura ou pelo tratamento dos indígenas americanos - acrescentando que estes "egoisticamente" queriam manter a terra só para si.
O filho de Wayne, Ethan, respondeu em declarações à Fox News que o seu pai "não era racista" e acrescentou que o o pai tinha ficado "magoado" com a entrevista à Playboy, pois "percebeu que os seus verdadeiros sentimentos foram transmitidos de maneira errada".
O aeroporto foi renomeado em 1979 em homenagem a Wayne, após a sua morte. Agora, os democratas pedem que o aeroporto volte ao seu nome original, Aeroporto do Condado de Orange. A presidente do Partido Democrata do Condado de Orange, Ada Briceno, disse: "Já houve tentativas anteriores que fracassaram e agora nós estamos a dar o nosso apoio à mudança de nome para que ela se torne real".
Um dos atores mais famosos do século XX, John Wayne ganhou um Óscar por A Velha Raposa, de 1969. Em 1971, Wayne fez uma série de declarações polémicas na entrevista à Playboy. Disse: "Eu acredito na supremacia branca até que os negros sejam educados e possam assumir a responsabilidade. Não acredito em dar autoridade e posições de liderança a pessoas irresponsáveis. "
O ator também questionou se a comunidade negra estaria "suficientemente preparada" para frequentar a faculdade, disse que a escravatura era um "fato da vida" e ainda declarou: "Não me sinto culpado pelo fato de, há cinco ou dez gerações atrás, essas pessoas terem sido escravas".
Depois, Wayne considerou que filmes como Midnight Cowboy eram pervertidos e usou um insulto homofóbico, descrevendo o filme como uma "história sobre dois maricas [fags]".
Wayne abordou ainda a opressão dos povos indígenas nos Estados Unidos, dizendo: "Não acho que tenhamos errado em tirar-lhes este grande país, se é essa a sua pergunta... Havia um grande número de pessoas que precisava de nova terra, e os índios tentavam egoisticamente mantê-la".
A resolução aprovada pelos democratas condena as declarações "racistas e intolerantes" feitas por Wayne, expressando "pontos de vista supremacistas brancos, anti-LGBT e anti-indígenas". Alegando que o Condado de Orange agora é mais diversificado do que o tempo de Wayne (que residia lá), a resolução também diz que é agora "amplamente reconhecido que símbolos racistas produzem stress e trauma físico e psicológico, particularmente para as comunidades negras, de pessoas de cor e outros grupos oprimidos".
"Quem o conhecia sabia que ele creditava que todas as pessoas mereciam uma oportunidade igual", contrapôs o filho do ator, Ethan. "Ele denunciou a intolerância. Contratou e trabalhou com pessoas de todas as raças, credos e orientações sexuais. John Wayne representou o melhor de todos nós - uma sociedade que não discrimina quem procura o sonho americano".
O filho de John Wayne divulgou um comunicando afirmando que o seu pai "não era racista" e que as declarações tinham sido retiradas do contexto. "Não há dúvida de que as palavras proferidas por John Wayne numa entrevista há 50 anos causaram dor e raiva. Ele também ficou triste quando percebeu que os seus verdadeiros sentimentos foram transmitidos de maneira errada."
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, considerou o pedido de mudança de nome do aeroporto uma "estupidez incrível":