Decisão do TAS "pode afetar luta futura contra o doping"
A uma semana do arranque dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang, o Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) anulou ontem a suspensão vitalícia de 28 dos 43 atletas russos que tinham sido sancionados pelo Comité Olímpico Internacional (COI), que já reagiu afirmando que esta decisão "pode ter um sério impacto na luta futura contra o doping".
Além de verem o castigo anulado, os atletas em causa veem também restituídas as classificações obtidas nos Jogos de Sochi, em 2014. O TAS considerou que as provas existentes eram insuficientes para sancionar por uso de doping estes atletas, suspeitos de terem beneficiado de um sistema de dopagem institucionalizado entre 2011 e 2015, apoiado pelo governo de Putin, segundo as conclusões do relatório McLaren que serviu de base à decisão do COI em excluir a Rússia dos próximos Jogos, na Coreia do Sul, com início agendado para dia 9.
A notícia foi naturalmente recebida com loas na Rússia. "Isto confirma o que sempre dissemos: a esmagadora maioria dos nossos atletas competem limpos", reagiu Vladimir Putin, embora admitindo que "há ainda muita coisa a fazer, isso é claro, para melhorar os programas antidoping" no país.
"Estamos muito contentes pelos nossos atletas e por a justiça finalmente ter triunfado", acrescentou, por sua vez, o ministro dos Desportos Pavel Kolobkov, em declarações reproduzidas pela agência Interfax. Kolobkov afirmou ainda que espera que aos 28 atletas sejam "restituídos incondicionalmente os seus direitos e possam participar nos próximos Jogos".
Essa não é, no entanto, a postura do COI, que já avisou ontem que esta decisão do Tribunal Arbitral do Desporto, sediado em Lausana (Suíça), não significa que possam competir em Pyeongchang. "Não estar sancionado não oferece automaticamente o direito a ser convidado para os Jogos", assinalou o COI em comunicado, esclarecendo que o Comité Olímpico Russo está suspenso e que os atletas daquele país só podem participar nos próximos Jogos de Inverno através de convite.
O organismo olímpico proibiu a participação da Rússia nos Jogos PyeongChang 2018, mas deixou aberta a participação aos atletas russos comprovadamente ""limpos", criando uma comissão independente para o efeito, tendo já convidado 169 atletas da Rússia a competir sob estatuto neutral.
Vincando que esta decisão pode ser "um golpe na luta contra o doping", o COI, liderado pelo alemão Thomas Bach, refere que vai "analisar os argumentos da decisão e ponderar ações futuras, inclusive um recurso ao Tribunal Federal suíço".
Além desses 28 atletas, outros 11 viram também reduzida a pena, com o TAS a substituir a suspensão vitalícia que lhes fora aplicada anteriormente pelo COI, ficando apenas proibidos de participar nos Jogos coreanos, uma vez que a prova produzida foi "suficiente para concluir uma violação das regras antidoping".