Da entrada, é possível ter uma visão geral de toda a loja, o que denuncia a primeira grande mudança: estantes e vitrinas à altura dos olhos das crianças. Lá dentro, os funcionários experimentam drones, jogam matraquilhos, fazem os carros circular nas pistas. Lê-se "brinca comigo" por todo o lado e o convite é à sério: miúdos e graúdos podem agora testar uma grande variedade de brinquedos. Não faltam espaços de lazer e até há uma secção para os chamados kidults, onde se vendem figuras de super-heróis e outros produtos destinados a adultos. Pais e avós não foram esquecidos e têm agora bancos para descansar. "Criam-se experiências" na nova loja da Toys "R" Us do Centro Comercial Islazul, em Madrid, que abre portas neste sábado..Dentro de alguns meses, as 61 lojas da Toys "R" Us de Espanha (51) e Portugal (10), que empregam 1300 pessoas, deverão ser assim. Deixarão de ser espaços onde as pessoas vão comprar brinquedos em caixas, como diz o presidente executivo, para ser locais onde pais e filhos podem divertir-se. "Queremos que a loja seja uma zona divertida para se estar. Que seja uma experiência para pais e filhos", explicou Paulo Sousa, num encontro com a imprensa, na quinta-feira, em Madrid..Estes são alguns dos planos para a Toys "R" Us ibérica, adquirida recentemente pela sociedade portuguesa Green Swan, num investimento de aproximadamente 80 milhões de euros, em quatro anos, que permitirá usar o nome da marca durante 20. Como já não estão dependentes dos EUA - que impunham algumas restrições -, os responsáveis pelo mercado ibérico podem agora fazer uma série de alterações, que vão desde o espaço físico à ligação com a comunidade..Essa proximidade, disse Paulo Sousa, cria-se, por exemplo, com a nova forma de estar na loja, ações para pais e colégios, cartões de fidelização e aposta nas redes sociais. Paulo Andrez, representante da Green Swan, dá um exemplo concreto: "Imaginemos um jovem que quer ser piloto. Na Toys, podemos ter workshops com pilotos que expliquem como funcionam os aviões. E podemos vender livros de aviões e aviões telecomandados." A ideia, frisou, "é ajudar pais e filhos a preparar melhor o futuro". Por isso, a aposta em brinquedos didáticos, de matemática e ciência, é também um dos objetivos..Até aqui, os produtos estavam mais direcionados para a faixa etária dos zero aos 8 anos, o que também vai mudar. A zona pré-Natal, Babies "R" Us, passou a ocupar um lugar de destaque na frente da loja e há agora uma gama de produtos para adultos que gostam de colecionar artigos de super-heróis (os chamados kidults). Ainda está em desenvolvimento, mas na loja do Islazul já é possível encontrar muitas miniaturas de figuras de ação - que chegam aos cem euros..Voltando ao aspeto da loja, é o branco que predomina, com pequenos apontamentos de cor. Por todo o espaço há figuras de tamanho real e um ou outro layout com demonstrações de produtos. Um cenário que pareceu agradar aos convidados, que conheceram a loja em primeira mão, na quinta-feira. "Gosto muito deste novo conceito. A loja está mais aberta, com muita luz. As crianças podem experimentar tudo e nós podemos ver como funciona", disse ao DN Maite Garcia, convidada a conhecer o espaço com a filha, Daniela..Recuperar de um passado tumultuoso.Não faltam ideias para o futuro da Toys "R" Us ibérica, mas para chegar aqui o "passado foi bastante tumultuoso", como fez questão de sublinhar Jean Charreteur, que foi diretor-geral da multinacional para Portugal, Espanha e França. Aos jornalistas, o responsável lembrou como a empresa se foi degradando nos últimos anos, o que culminou na falência nos EUA e no Reino Unido. Resultado: 800 lojas fechadas, 30 mil funcionários despedidos..Adivinhava-se um destino semelhante para Portugal e Espanha, mas, contra a vontade dos responsáveis norte-americanos, Jean procurou uma solução. Foi assim que chegou à Green Swan..Paulo Andrez reconhece que teve alguma resistência quando lhe apresentaram a proposta, mas percebeu que havia um "potencial muito grande" quando falou com os funcionários. Passaria por ajudar a formar gerações melhores, "ser um complemento à escola"..Além de manter toda a equipa, os novos investidores querem fazer algumas mudanças, como ter mais fornecedores em Portugal e Espanha..Há 25 anos a trabalhar na empresa, Paulo Sousa, que assumiu agora as funções de diretor executivo, diz que a aposta na loja online é urgente e prioritária. "Em quatro anos, temos de fazer 25% das vendas online.".Quanto à abertura de lojas físicas, há a intenção de criar 25 "lojas express" - em regime de franchising - nos próximos cinco anos: lojas mais pequenas, que tanto podem estar nos centros das grandes cidades como em cidades onde não se justifica existir uma loja de grandes dimensões. Existem ainda planos para a abertura de mais dez lojas de dimensões semelhantes às que já existem.