Caso Nóos: Cunhado do rei de Espanha condenado. Infanta Cristina absolvida

Iñaki Urdangarin, marido da infanta Cristina, foi condenado a seis anos e três meses de prisão
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Iñaki Urdangarin, cunhado do rei de Espanha, foi condenado a seis anos e três meses de prisão por prevaricação, fraude, tráfico de influência e a uma multa de 512 mil euros no âmbito do caso Nóos. A infanta Cristina foi absolvida no mesmo processo. A decisão foi tomada por unanimidade pelos três juizes do tribunal.

Iñaki era acusado de ter utilizado as suas ligações à família real para ganhar concursos públicos para organizar, entre outros, eventos desportivos, tendo em seguida desviado fundos para a Aizoon, uma empresa que ele geria em conjunto com a infanta Cristina e utilizava para financiar o seu estilo de vida luxuoso.

A infanta Cristina foi absolvida dos delitos fiscais de que era acusada pelo grupo Mãos Limpas mas terá de pagar uma multa de 265 mil euros. Como já havia pago 587 mil euros em dezembro de 2014, no fundo, vai receber de volta aproximadamente 372 mil euros.

O rei de Espanha, que estava numa visita ao Museu Thyssen, em Madrid, evitou comentar a sentença, mas fonte do Palácio da Zarzuela realçou o "absoluto respeito pela independência do poder judicial".

O advogado da infanta Cristina afirmou que esta está satisfeita por ver reconhecida a sua inocência, mas que continua convencida da inocência do marido. Esta manhã, antes de ser conhecida a sentença, o advogado havia dito que a infanta estava confiante na absolvição. A filha dos reis eméritos Ruan Carlos e Sofia está em Genebra, Suíça, onde vive, e foi lá que teve conhecimento da decisão judicial.

O Ministério Público anticorrupção pediu em junho de 2016 uma pena de prisão de 19 anos e meio e uma multa de 980.000 euros para Iñaki Urdangarin e uma pena de prisão de 16,5 anos para o seu sócio, Diego Torres, que também era acusado de peculato.

Diego Torres foi agora sentenciado a oito anos e seis meses de prisão, além de uma multa superior a 1,7 milhões de euros. A mulher, Ana María Tejeiro, foi absolvida de delitos fiscais mas tem de pagar multa de quase 345 mil euros.

Absolvidos foram ainda Miguel Tejeiro (acusação foi retirada), Marco Antonio Tejeiro Losada, Luis Lobón Martín, José Manual Aguilar Colás, Jorge Vela Bargués, Elisa Maldonado Garrido, Mercedes Coghen Alber, Alfonso Grau Alonso e Salvador Trinxet Llorca.

Jaume Matas, ex-presidente do governo das Baleares, foi condenado a três anos e oito meses de prisão por prevaricação e fraude.

Ao todo foram conhecidas as sentenças de 17 suspeitos que estavam no banco dos réus, depois de começarem a ser julgados em janeiro do ano passado num caso que envolve negócios feitos pelo Instituto Nóos, uma organização sem fins lucrativos, com sede em Palma de Maiorca, que Iñaki Urdangarin, cunhado do rei Felipe VI, fundou e presidiu entre 2004 e 2006.

Desde o início do caso, a acusação recusou a apresentação de uma queixa contra a infanta Cristina de Borbón, que juntamente com o marido também se suspeita que tenha utilizado a Aizoon para realizar despesas pessoais, incluindo obras numa mansão em Barcelona, o que permitiu reduzir lucros tributáveis da empresa.

Entretanto, uma organização chamada "Mãos Limpas" levou a tribunal o caso da alegada evasão fiscal da princesa, visto que a lei espanhola permite que grupos privados possam iniciar este tipo de processos penais.

Durante o julgamento, a infanta negou ter conhecimento das atividades do marido.

Este caso de corrupção que envolve a irmã do rei tem sido seguido com grande interesse em Espanha e no estrangeiro, tendo manchado a reputação da monarquia e contribuído para a abdicação do rei Juan Carlos, em junho de 2014, a favor do filho.

A decisão é conhecida 11 anos depois do início do caso, quando um deputado socialista pediu explicações pelos custos elevados de um fórum sobre turismo e desporto organizado por Iñaki Urdangarin para o Governo regional das Ilhas Baleares.

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