Com os cuidados intensivos em Bruxelas sobrelotados, Bélgica já envia doentes para a Alemanha
As unidades de cuidados intensivos (UCI) dos hospitais de Bruxelas, capital da Bélgica, atingiram a capacidade máxima na noite desta segunda-feira, pelo que os novos pacientes de covid-19 começaram a ser enviados para unidades de saúde do resto do país.
As autoridades de saúde locais já solicitaram aos hospitais da cidade para que procurem aumentar a capacidade das respetivas UCI em 40% nos próximos dias por forma a receber doentes infetados com covid-19 ou com outras doenças.
Neste momento, a Bélgica tem 1302 pacientes nos cuidados intensivos, algo representa um o recorde desde o início da pandemia, superando os 1285 casos que se registaram a 8 de abril. Aliás, as autoridades belgas contabilizam 7231 doentes covid-19 internados em todo o país, o que também representa um recorde. Na prática, uma média de 586 pessoas por dia foi internada em todo o território, sendo que só em Bruxelas há 1175 doentes nos hospitais, dos quais 188 nos cuidados intensivos.
Esta terça-feira, as autoridades de saúde belgas foram mesmo obrigadas a transferir doentes de Liège para hospitais alemães, nas cidades de Munster e Bona.
O panorama na Suíça não é melhor, uma vez que as autoridades locais assumem que dentro de cinco dias as unidades de cuidados intensivos podem atingir a sua capacidade máxima, revelou esta terça-feira Virginie Massere, diretora do controlo da infeção no país.
Durante a última semana, os internamentos duplicaram na Suíça o que colocou as autoridades em alerta máximo. "A evolução é bastante rápida quanto ao número de pessoas que necessitam de tratamentos intensivos", assumiu Massere, em conferência de imprensa.
Aliás, esta terça-feira foram registados 6126 novos casos de covid-19 na Suíça, tendo Massere admitido, no entanto, que se está a assistir a "uma ligeira desaceleração" no que diz respeito ao número de casos, embora diga que ainda é muito cedo para ver os resultados das restrições implementadas pelo governo helvético no dia 28 de outubro.
Outro caso preocupante é Itália, onde a primeira vaga de covid-19 foi bastante violenta. A Associação Italiana de Médicos lançou o alerta para o facto de o país poder ficar sem camas nas unidades de cuidados intensivos até ao final de novembro, se o número de casos foram aumentando ao ritmo atual.
"Esta segunda vaga pode não ser uma tempestade, mas um tsunami que pode sobrecarregar o sistema de saúde", assumiu Filippo Anelli, o presidente daquela associação, acrescentando que os médicos pedem ao governo que implemente medidas mais agressivas no combate à covid-19. "Se continuarmos assim a situação pode sair fora de controlo", alertou.
A Itália registou esta terça-feira mais 353 mortes nas últimas 24 horas, o maior número desde maio.
A Holanda anunciou esta terça-feira um total de 7776 casos positivos de covid-19 nas últimas 24 horas, um registo animador para as autoridades sanitárias locais, uma vez que nos últimos dias tem-se verificado uma diminuição no número de novas infeções, pois na sexta-feira passada foram anunciadas 11 127 novos contágios.
Na semana passada o número total de testes positivos foi de 64 087, o que representou uma diminuição de 5%. Contudo, esta é a primeira vez em dois meses que o número de infetados diminui, algo que o Instituto de Saúde Pública holandês considera resultar "das medidas restritivas que entraram em vigor no final de setembro e em meados de outubro".
Apesar de tudo, as autoridades consideram que esta diminuição não está a ser suficientemente rápida, afinal o número de óbitos continua alto e continua a aumentar, tendo na semana passada atingido os 435, mais 106 que na semana anterior.